António Barahona: outra vez um menino já depois de velho

António Barahona: outra vez um menino já depois de velho

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É dia da criança, tudo sol e passarinhos, com as devidas distâncias sanitárias. Há que imaginar grandes relvados abertos, um pouco de água brilhando ao fundo, muitas árvores, papagaios ao vento, merendas e toalhas de praia. Alguém policiando os gestos, a liberdade do recreio dentro dos conformes aberrantes do chamado “novo normal”. Um pequeno idílio desinspirado, bastante tosco nas suas miragens, cansado de pôr a imaginação a suspirar por voos a pique. Contenta-se, para o efeito, com o planar no conforto burguês e nos brilhos fátuos neoliberais. A guerra, por enquanto, é lá ao longe. Ou não é sequer, estando o televisor desligado em casa e, no parque, só a impressão de uma ligeira tontura. De máscara posta, com um bocado de jeito, faz-se o carnaval dentro de nós e ainda vemos resolvido, sem desassossegos grandes, o drama clássico à volta de quem somos: isto, assim, o eu interior como uma vaga impostura. Mesmo a viseira, na sua transparência barata, parece sublinhar que o maior segredo esteve sempre à vista de todos. De resto, por mais que se esgrima a zurzir resumos cínicos no ar, há um bocejo inescapável, como se fosse a própria tarde de domingo a reagir por e contra nós: está tudo dito, nada de novo debaixo deste sol pós-histórico. São as milhentas citações que já nos expulsam e nos impedem de as usarmos como salvaguarda esclarecida, confinando-os a explorar a eloquência do silêncio (e mesmo a este, coitado, sobem-lhe as náuseas com tanto mindfulness a bater-lhe à porta, o nirvana ao preço da uva mijona).

Mas é dia da criança, há que fugir à farsa corrente e à tentação de em tudo ver acossar-se uma sátira. Recuse-se o dia, o seu comércio simbólico e a mecânica fria das comemorações à la carte. Festeje-se tão-só a criança enquanto “mestre da realidade” (Henry Miller), aberto ao pasmo, ao êxtase e à natureza de existir. É vê-la correr e captar no seu movimento os ritmos profundos de uma metamorfose crescente, como se entrevíssemos uma vida mais verdadeira que se tornara inacessível só pelo facto de termos nascido. A criança sabe recomeçar, não tem outro modo de existir senão esse: crer numa ingenuidade de recomeços que detém, não obstante, a sua própria disciplina, com fórmulas e rituais, sem que nada se faça por acaso ou venha por desleixe. Como nos ensina a poesia de António Barahona, num poema justamente intitulado “Recomeçar”, do livro A Fina Flora do Crepúsculo (ed. Averno, 2019):

Recomeçar criança o velho jogo

de sombra e Sol, na zona de luz negra,

onde rasuro versos, reescrevo

muito depressa com mindinha letra.

 

Recomeçar é verbo que conjugo

cada dia que morre e já não volta,

enquanto no horizonte houver crepúsculo

e, após alva noite, estrêla d’alva.

(p. 30)

 

Se há algo que prontamente nos desarma na poesia de António Barahona (n. 1939), é a inusitada juventude do seu espírito, essa infância eterna do ser e da vida que parecem fulgir no seu próprio mito. Como se a escrita conservasse o grão de uma voz primordial que está sempre prestes a começar, sempre eternamente nova. Não se trata, por isso, de dar alento a essas hipóteses frouxamente pitorescas que desembocam na nostalgia da infância e num sentimentalismo desconchavado, a abarrotar de lugares-comuns. Na poesia de António Barahona, é a própria infância que se revela, ou que fala, pelo corpo da escrita, num trato tão inocente, numa doçura tão equilibrada e cheia de viço, que um poeta com 81 anos parece mais jovem e mais cheio de vida do que muitos com a poesia reunida na casa dos quarenta: “Criança viciada no destino, / o poeta jamais será adulto: / mesmo depois de velho o magro vulto / tem cara de menino”, apresenta-se-nos num poema do seu mais recente livro, Pedras e Argilas (ed. Averno, 2020, p. 24). E se recuarmos um pouco no tempo, encontra-se em As Grandes Ondas (2013) este poema com um sentido tão (in)oportuno quanto inactual:

 

As crianças e os poetas são as vozes do mundo:

este mundo, dizem, aproxima-se do fim.

Os theólogos tremem; os adivinhos advertem;

os sábios calculam; os santos fecham os olhos e a boca.

 

E eu, à escruta, reclinado numa esteira,

no coração da África Oriental,

fumo a minha tenga de côco e escrevo.

(p. 77)

 

Se o tempo que nos coube viver é aquele que só de forma levianamente cínica podemos apelidar como nosso, num possessivo roído pelos ratos da indigência, atirado ao deus-dará de um simulacro de ruína enquanto única visão do futuro ou do possível, o tempo na poesia de António Barahona da Fonseca tem o condão de se dar numa unidade que chega a ser temível pelo desaforo anacrónico, ou inactual, que instiga contra a paz podre das nossas brandas heterodoxias. “Religião, Amor e Poesia: a minha vida cabe no interior destas três palavras” – eis uma afirmação que já escutámos antes, com maiores ou menores diferenças, com maior ou menor número de cadáveres, quando em nome dessas três maiúsculas (ou de quaisquer significantes elevados a bandeiras ou credos) se decretaram guerras, extermínios, silenciamentos, entre outras declinações do progresso, com direito às desonras do livro e aos outros ademanes da cultura.

Mas a poesia de Barahona, quando lida sob o signo da demora e da lenta volúpia da descoberta, dá-se com o poder inebriante de um feitiço, de uma aproximação à arte de escutar o brando rumor do mundo e, som após som, apurando o ouvido e a atenção, se nos é difícil partilhar da mesma fé, não o é mais a vocação para compreender o seu halo nos outros, o modo como isso os toca e os orienta, como se dedicam a confirmar o que pela intuição já conheciam. Compreendemos assim como se honra o invisível e o inefável, como se restitui à transparência a dignidade do mistério, ao invés da agenda perniciosa em que tal palavra – transparência – se vê aprisionada nos meandros neoliberais da digitalização (e desvitalização) da vida:

 

Este universo é todo envidraçado

e a sua transparência tão tremenda

que torna a realidade cristalina

em diamante negro.

 

[…]

(Pedras e Argilas, p. 43)

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“Não há verdadeira poesia sem esoterismo; / não há verdade, onde não houver ocultação” (As Grandes Ondas, 2013, p. 32). Daí a ternura desarmante de um apontamento como este, que pelas mãos bem-intencionadas de outros redundaria num moralismo bacoco, com rendilhados poeticamente esdrúxulos, mas que Barahona faz por iluminar com a amplitude das palavras mais simples, levando-nos pela mão a lamentar a perda de um mundo que não sabíamos ser (ainda) nosso: “Em cada verso que eu escrevo, ao reler-me, detecto uma procura obsessiva de valores perenes, uma dedicação total e incondicional ao que não é efémero. Não posso, portanto, encontrar-me mais deslocado no tempo, mais inactual, porque é o efémero que se celebra, na poesia, em todas as artes e no amor, o que conduz, inevitavelmente, ao hedonismo, animalidade e ateísmo triunfantes” (Raspar o fundo da gaveta e enfunar uma gávea, 2011, p. 154). E de um modo igualmente terrível, seja pela forma lapidarmente enxuta com que o afirma, seja pelo uso desse termo – valores – tão sociologicamente ardiloso quanto inactual: “O poeta lava a sua roupa branca numa tábua de valores: não necessita de sabão” (A Voz ao Espelho, 2017, p. 93).

É a poesia que só vale a pena enquanto destilar demoradamente o tempo, num trabalho contínuo de depuração e de entrega, como o verdadeiro crente que se dispõe inteiramente aos rituais da sua fé. Alteia-se, assim, uma forma evidente de pedagogia: a poesia ensina a viver melhor, a descobrir em certas servidões um modo mais intenso de dançarmos em liberdade. Isto é: “Em cada poema que eu escrevo eu tenho que ver a Deus e respirar / Cada poema que eu escrevo, no qual não descubro algo de inesperado, nem nenhum ensinamento, é uma perda de tempo, não é viver. […] // Deixar o poema dansar e falar de si mesmo, representa parte substancial do ofício de poeta” (Aos Pés do Mestre, 2018: 84). E esse ofício é nada menos que o de laminar o assombro em cada poema, o que nos versos reverbera com a força de um talismã: como o poeta afirma numa entrevista ao Expresso, ao reler em voz alta os poemas que escreve, “quero certificar[-me] de que aquilo que ouvi em silêncio afinal era verdade”.

Quando foi a última vez que escutámos a claridade disposta nestes termos, como se entrássemos num templo movidos pela leveza insustentável do que nos excede, sem a corrupção insaciável dos turistas, para quem o flash é mais veemente que a luz? Barahona faz da relação indestrinçável entre poesia e vida nada menos que um cântico edificante, unindo a consciência individual ao “mo(vi)mento do cosmos: / ardente fundamento do meu canto”. Daí a atenção posta no som, na música e nos ritmos do verso, assim como as afinidades electivas de Barahona: Camões, Pessanha, Blake, Rimbaud, Pierre Reverdy, os poetas da beat generation, os grandes textos sagrados, e o mestre Teixeira de Pascoaes, que considera “amavelmente universal e provinciano”, em detrimento de Pessoa, “detestavelmente europeu e cosmopolita”.

 

Levanto-me no meio do mar de ruínas

pra cantar. E o meu canto é tão enorme

que não cabe no mundo; e eu um verme

que se esgueira por entre campainhas.

 

A minha voz dá poesia ao que se cala:

fixa o instante d’escuitar o eco,

que sulca mágoa a barca em que navego,

à bolina, do quarto até à sala,

 

onde se ouve Chopin num piano de cauda

de cometa, surdir do som da água.

(A Fina Flora do Crepúsculo, p. 38)

 

E o meu canto é tão enorme / que não cabe no mundo”. Antes de ser figura de estilo, a hipérbole é na criança a dicção mais próxima das enormidades incríveis que habita. É a imanência que lhe permite desposar o mundo, conviver com duendes, atravessar tempestades de fogo, desenterrar arcas do tesouro num navio ancorado algures no quintal – e tudo isto com o corpo e a sua alegria, numa unidade indestrinçável entre interior e exterior, corpo e espírito, paixão e intelecto. “Luz e alegria”, na síntese de Henry Miller, esses dois princípios imateriais que relevam no mundo o que nele se dá como “beleza inefável e criação infinita” (Os Livros da Minha Vida, 2006, p. 178).

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A jovialidade de António Barahona terá muito que ver com os enredos fabulosos urdidos no surrealismo, quando se encontrava com os amigos do Café Gelo, no final dos anos 50: Herberto Helder, Manuel de Castro, Mário Cesariny, Helder Macedo, António José Forte, entre outros. Não o surrealismo enquanto escola, no que isso possa subentender em matéria de proselitismos servis e programas estéticos, mas sobretudo como o antro de loucos invencíveis que se atiram de corpo e alma à plenitude da aventura poética. No esplendor intensíssimo de ousar ter sonhos, quimeras e utopias, a aventura surrealista elevava a poesia ao “autêntico real absoluto”, sob o signo de Novalis; uma forma gloriosa de transgressão a ponto de por ela se prescindir, em nome da liberdade, da própria vida – sobretudo quando, durante a ditadura de Salazar, viver pouco mais era do que um modo medíocre de desistir, fazendo sim com a cabeça. Por isso, não há qualquer incompatibilidade entre um Barahona que se define como um realista com cauções e intransigências –

 

Realista, sim, mas absoluta-

mente contra

o «terrorismo da realidade»

que põe a imaginação a ferros,

arruïna castelos subversivos

e retira aos corpos

a nudez dos nervos

(fumar charros em telhados de jazigos).

 

Realista, sim, mas absoluta-

mente contra

(por uma questão de higiene)

a racionalidade de merda

que afunda a imaginação em esgotos

e retira aos corpos

o perfume do esperma.

(Raspar o fundo da gaveta…, p. 175)

 

– e um poeta que revisita o “sexto sentido” da infância (Mahmoud Darwich), num carrossel de delírios e sinestesias inspirado na exposição Capitão Goma, com fotografias de Luísa Ferreira, sobre o mundo das crianças na perspectiva de um adulto:

 

Boccas suspensas de crianças, almofadas

de vidro colorido pra sonhar

com gomas, bolos, rebuçados, fadas,

no quarto dos brinquedos envolto em bolhas d’ar.

 

Aqui parou o tempo: nossa infância

regressa a passo de gigante ao que já foi,

onde se vêem brancos sons à transparência,

onde só há doçura e nada dói.

 

O que brincámos é agora nosso espelho

de tudo o que fazemos de semblante sério,

outra vez um menino já depois de velho:

 

Capitão Goma no navio airoso escapa,

a mastigar hamburgers com sabor aéreo,

em demanda da ilha que não vem no mapa.

(A Fina Flora do Crepúsculo, p. 41)

 

“Ah! ser outra vez criança / nesta lucidez de viver poeta”, exclama em Maçãs de Espelho (Língua Morta, 2012, p. 44). Em poemas de uma simplicidade luminosa, Barahona delineia o contorno do mistério, do enigma ou do segredo, com a graça infantil de quem se deixa maravilhar por tudo o que existe – e como Mahmoud Darwich, poeta palestino, Barahona mostra como “[a] erva é a poesia que flui da intuição: fácil, porém inacessível; inacessível, porém fácil. É a língua que se aproxima do significado, o significado que casa com a hospitalidade da esperança” (Na Presença da Ausência, ed. Flâneur, 2018, p. 119).

Deserdados espirituais, desconfiamos prontamente de qualquer ânsia pelo sublime. Foge-nos o rosto para a careta mesquinha, o riso fácil, a caricatura. Por outras palavras, ficámos adultos: vínhamos para vida e deram-nos dias, roubando o desalento a Ruy Belo. António Barahona cresceu para constatar como os adultos, na verdade, representam “uma farsa”, pobres de espírito que resguardam um falso segredo. E explica-se, com a serenidade dos grandes sábios de todos os tempos: “Já fui adulto, cheguei a velho e não vi nada. Ou melhor: vi, com certeza, tudo quanto eles [os adultos] não viram” (A Voz ao Espelho, p. 106). Percorrendo os vários tomos da Suma Poética, entre a clara devoção islâmica e os acenos ao esplendor do dia-a-dia, entre a ascese e a sensualidade, no abismo que vai de Bhagavad-Guitá ao intenso colorismo de Cesário Verde, ficamos com a impressão de sermos contemporâneos de vozes que o tempo não conseguiu enrouquecer. Vozes cuja ternura é a de quem conhece profundamente a vida e, por isso, se predispõe a cantar a beleza, a eternidade, o prazer, a própria palavra como fórmula mística que acorda o poeta dentro do próprio sonho. Vozes em busca não tanto de liberdade, que também aprisiona o poeta, mas de uma “libertação”, porque é da ordem do espírito. Por fim, no enlevo do seu cântico, são essas vozes que aproximam António Barahona do júbilo de um “livro vivo”, expressão de Henry Miller para designar o fenómeno de se estar na companhia de uma presença ardentemente espiritual:

“O livro que se torna vivo é o livro que foi penetrado até ao âmago pelo coração devorador. Até ser acendido por um espírito tão vivo e flamejante como aquele que lhe deu origem, uma obra está morta para nós. As palavras desprovidas da sua magia não passam de hieróglifos mortos. As vidas despojadas de curiosidade, de entusiasmo, de dádiva e de capacidade de receber, são absurdas e estéreis como letras mortas. Encontrar um homem a quem posso chamar um livro vivo é alcançar a própria fonte da criação. Ele permite-nos ver o fogo que consome o universo inteiro e que não emite apenas luz e calor, mas também uma visão, uma força e uma coragem perenes” (Os Livros da Minha Vida, 2006, p. 169).

“Acompanhei a Claridade a casa / e ela adormeceu de luz acesa”, anota o poeta em Maçãs de Espelho. Depois disto, podemos delicadamente reaprender a brincar.

 

Referências

Barahona, António (2011), Raspar o fundo da gaveta e enfunar uma gávea, Lisboa, Averno.

_________ (2012), Maçãs de Espelho, Lisboa, Língua Morta.

_________ (2013), As Grandes Ondas, Lisboa, Averno.

_________ (2016), Noite do Meu Inverno, Lisboa, Averno.

_________ (2017), A Voz ao Espelho, Lisboa, Averno.

_________ (2018), Aos Pés do Mestre, Lisboa, Averno.

_________ (2019), A Fina Flora do Crepúsculo, Lisboa, Averno.

_________ (2020), Pedras e Argilas, Lisboa, Averno.

Darwich, Mahmoud (2018), Na Presença da Ausência, tradução de Manuel Alberto Vieira, Flâneur.

Miller, Henry (2006), Os Livros da Minha Vida, 2.ª edição, tradução de Ana Bastos, Lisboa, Antígona.

“António Barahona da Fonseca – Guerreiro, carrasco e poeta”, série Arquipélago, episódio 2, um projecto de Diogo Vaz Pinto, Hugo Magro e Paulo Tavares, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Eci8WDNOV1g.

“Como é que eu sei que é poesia? Eu sei que é poesia porque tem o bafo do inferno. Porque se paga muito caro”, entrevista concedida a Raquel Marinho, Expresso, 27 de março de 2019, disponível em https://expresso.pt/cultura/2019-03-27-Como-e-que-eu-sei-que-e-poesia–Eu-sei-que-e-poesia-porque-tem-o-bafo-do-inferno.-Porque-se-paga-muito-caro.

Capitão Goma, de Luísa Ferreira: http://www.luisaferreira.com/index.html?conteudo=goma/index.html.

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Fotografias: Diogo Martins

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Acerca do Autor

Diogo Martins

Diogo Martins nasceu em 1986 e é natural de Nine, do concelho de Vila Nova de Famalicão. Doutorado em Teoria da Literatura pela Universidade do Minho, iniciou em 2017 um projeto de pós-doutoramento intitulado "Ousar corromper: (o)caso retratístico em Rui Nunes". Interessa-se por poesia, literatura, cinema e fotografia, e mais ainda pelas relações entre estas e outras artes.

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