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Vem dos tempos dos meus avós a expressão, e certamente do tempo dos seus pais.
Nunca gostei dela, porque me parece que serviu sempre de bode expiatório ao que aparentemente não controlávamos, assim ao género de «Nosso Senhor nos valha», mas mais que isso, como desculpa para a inacção de todos.
Era assim uma coisa como, «Enfim», ou então, «O que é que se há-de fazer», coisas inócuas, sem princípio nem fim, que nos coçavam o lombo.
Chegamos a um tempo em que já não há tempo para desculpas. A pandemia trouxe ao de cima tudo o que de pestilento este mundo tem: ditadores, idiotas, políticos de meia tigela, especuladores, e o sistema capitalista a estrebuchar.
Trouxe também o que de melhor tem a espécie humana: solidariedade, esperança, fraternidade, e, de certa forma, igualdade.
O vírus não escolhe classes e é bem mais democrático que muito populista de trazer por casa.
O vírus é afinal, mesmo com a sua letalidade, principalmente, uma oportunidade de mudança, de enterrar expressões antigas, mas, ao mesmo tempo, de cuidar daqueles que as diziam. Sabem porquê? – Porque a isso se chama amor e reconhecimento.
Reconhecimento por quem nos trouxe à vida, por quem de nós cuidou, passou sacrifícios, lutou para que fossemos gente, mesmo que se refugiasse em «Deus Pai», «Nossa Senhora, ou no «Espírito Santo»; mesmo que tenha rompido os joelhos em volta do santuário de Fátima.
Devemos-lhes a vida, temos a obrigação de fazer com que não a percam.
Quando vejo idiotas como Trump ou Bolsonaro a desdenharem das suas gentes, e mais que isso a terem apoio das massas, apetece-me pegar no velho revólver do meu avô e dar um tiro neste desassossego.
Os políticos do meu país, esses mereciam levar com um bolo de creme nas «bentas», assim como quem diz: – Querem comemorar? – Tomem lá!
Fazer uma comemoração do 25 de Abril no velho e bolorento sistema do discurso de coça-lombo, no lugar onde a democracia se serve a si mesma e depois aos outros, é um desrespeito pela inteligência, pela criatividade.
Impunha-se uma mensagem de novidade, essa sim, verdadeiramente empreendedora, criando em todos a certeza da esperança.
Não foi esse o caminho.
Os senhores políticos, representantes de todos; dos palermas e dos inteligentes, dos analfabetos e dos cultos, dos fascistas (sim, que há ainda quem os represente) e dos democratas, dos “eficientes” e dos deficientes, dos ecologistas e dos poluidores, dos empresários e dos proletários, de ambos, resolveram comemorar a data.
Não faltarão por certo mensagens de carinho ao SNS, aos professores e outros, todos muito maltratados no tempo em que o vírus andava escondido na China das nossas bugigangas.
Resta-nos porventura a esperança torpe de ligarmos o coração a uma fake-news, como aquela que diz que o mundo acaba a 29 de abril, em virtude do impacto de um meteorito com a terra.
Extinguir-se-iam novamente os dinossauros.
Era certo.
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