Um vírus mortal chamado estupidez

Um vírus mortal chamado estupidez

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A estupidez, resultado do vírus da ignorância,

permite o inqualificável beija-cruz que aconteceu ontem em Martim, em Barcelos.

 

Aquilo que aconteceu ontem em Martim, freguesia do concelho de Barcelos, e que. ao que se sabe, não terá sido exemplo único, é inqualificável.

O beija-cruz pode e deve sair caro aos seus autores, e já agora identificar quem fez o vídeo, pois para mim é claro que as pessoas sabem que estão a ser filmadas, e há até um sorrisinho para o “passarinho” e quem se desvie para não se perder nadinha daquele acto de chico-espertismo saloio, como o classificou um amigo.

Há muito que venho dizendo que o pior vírus da nossa sociedade é a ignorância, que quando se junta à estupidez, é extremamente perigoso.

Sabemos todos que a iliteracia é ainda enorme neste país, que quase 50 anos depois do 25 de Abril já devia ter uma expressão bem mais reduzida, mas mais que a instrução, o que este caso deixa claro é a falta de educação cívica, que muitas vezes nem os livros nem o conhecimento resolvem.

E assim, decidiu aquela devota família, de mote próprio ao que parece, levar para a rua uma cruz improvisada, que ia sendo beijada por uns e outros, limpando-se depois os “pezinhos” do Cristo com um paninho… Caso para dizer que se Cristo ainda andasse por cá, teria dito: – “Pai, perdoa-lhes que não sabem o que fazem”.

A questão é que Cristo já não está cá para ver a idiotice de uns quantos, e uma burrice destas, mesmo em tempo de Páscoa, não tem desculpa possível.

Por esse mundo fora, nas galerias do poder, não faltam outros idiotas, mas estes deviam ser julgados por crimes contra a humanidade. Falo daquele chico-esperto americano e do seu comparsa brasileiro, que desvalorizaram as evidências científicas, e consideraram a pandemia como um alarme injustificado, um “resfriadozinho”.

Já nem falo do “rapaz dos olhos em bico”, esse abertamente fechou a porta a qualquer coisa que fosse, com a mão de ferro habitual naquelas paragens.

Depois há também aquele moço da terra de Sua Majestade, que começou por dizer que era uma questão de todos serem infectados e assim se chegar à imunidade, o que aliás foi partilhado pelos loiros e espadaúdos suecos. O problema foi quando lhe chegou a ele. E tinha que ser um português a tratá-lo??

Oh Luizinho, também tu?!

Fizeste bem, desculpa a minha ironia. Tu e outros enfermeiros são agora os heróis que precisamos para domar o medo, mas antes, uns meses antes, toda a sociedade vos chamou nomes feios por reivindicarem melhores condições de trabalho, melhores salários.

É um mundo ao contrário, menos poluído agora por força das circunstâncias, com menos degelo, com mais vida – estranho não é?

Se houver a capacidade nestes dias de isolamento de aproveitarmos este tempo para uma profunda reflexão interior, para a consciência da nossa insignificância, estaremos a desviar o vírus de nós, num duplo sentido, enquanto vírus que também somos, mas fundamentalmente como esperança num mundo melhor, mais justo, mais solidário, mais ecológico.

Se por via deste artigo a CIA me aparecer à porta, pelo menos traga luvas e máscara, e cuidado com o dono do cão… Por vezes morde.

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Imagens: (0) Diário do Minho, (1) Cidade Hoje


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Categorias: Crónica, Pandemia, Sociedade

Acerca do Autor

José Ilídio Torres

José Ilídio Torres nasceu em Barcelinhos em 1967. Estudou Direito e Arqueologia, mas acabou licenciado em ensino, variante de educação física, leccionando ao 1º e 2º ciclo do ensino básico. É formador em futebol há cerca de 20 anos. Trabalhou como jornalista na imprensa regional, em jornais como o Notícias de Barcelos e Primeiro de Janeiro, bem como na Rádio Cávado. É autor de 11 livros, em romance, conto, infanto-juvenil e poesia. Foi deputado municipal em Barcelos e candidato à Câmara Municipal pelo Bloco de Esquerda, tendo-se afastado recentemente da vida política activa.

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