Livros | Adolfo Luxúria Canibal lança ‘Garatujos do Minho’

Livros | Adolfo Luxúria Canibal lança ‘Garatujos do Minho’

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Adolfo Luxúria Canibal, o rocker bracarense líder e vocalista dos Mão Morta, não pára e acaba de lançar “Garatujos do Minho“, na editora Chiado Books, um livro construído a partir de uma série de crónicas publicadas quinzenalmente no semanário Sol, de Janeiro de 2014 a Janeiro de 2016, tendo por objeto o Minho – os seus lugares, as suas gentes, a sua cultura, o seu património.

 

 

‘De enorme crista vermelha moldada na mesma forma circular da pomposa cauda, pintado de preto e decorado com corações estilizados por entre uma miríade de pintinhas coloridas, com uns olhos muito redondos, um bico amarelo espetado para a frente e um pedestal azul onde são desenhadas as patas, eis o galo saído da imaginação dos barristas barcelenses’, assim fala Adolfo Luxúria Canibal, no seu pessoalíssimo olhar, numa das crónicas que assinou sobre o Minho no Sol, referindo-se ao símbolo não-oficial de Portugal, o galo de Barcelos, “peça de artesanato que sintetiza toda a alma minhota, da sua gaiata garridice à descerimoniosa exaltação religiosa”.

Em “Garatujos do Minho“, para além do galo de Barcelos, as papas de sarrabulho, as figuras do presépio ou os sargaceiros da Apúlia estão também presentes. No livro, Adolfo Luxúria Canibal mistura reminiscências de infância e descrições eruditas, episódios familiares e acontecimentos históricos, mas sempre, como refere José Luís Peixoto no Prefácio, “com clareza, respeito e indisfarçável carinho”. Nesta versão, as crónicas fazem-se acompanhar por fotografia com a mestria do preto-e-branco de Kid Richards.

Mas a atividade recente do músico e cronista Adolfo Luxúria Canibal não se fica por aqui. No plano literário, o seu livro “Estilhaços”, originalmente editado pela saudosa e extinta Quasi Edições, vai ser novamente publicado pela Rastilho de Letras. Por outro lado, no plano musical, os Mão Morta entraram no estúdio em finais de abril para gravar o 16º disco da banda que será publicado pela Rastilho Records em setembro. Em tempos muito diferentes em relação ao início da banda, seguir-se-á depois uma tournée de apresentação em diversas salas do país. No último abril, Adolfo Luxúria Canibal e os Mão Morta lançaram-se também a uma nova aventura em palco: o desafio de trabalhar com o remix Ensemble da Casa da Música.

Adolfo Luxúria Canibal é sobretudo conhecido por ter sido fundador do grupo rock Mão Morta, de que é vocalista e letrista, criou espectáculos de spoken word em nome próprio ou sob a designação Estilhaços e integrou o colectivo francês de música electrónica Mécanosphère.

Advogado de profissão, a extensa lista de projetos e atividades artísticas em que se tem envolvido ao longo da vida é bastante longa.

O momento inicial dos Mão Morta aconteceu em Novembro de 1984, quando Adolfo Luxúria Canibal, Joaquim Pinto e Miguel Pedro se fundaram a banda, em Braga, na altura cidade palco de intensa agitação cultural. Este não era o primeiro encontro dos músicos, pois já se haviam reunido, no início desse ano, para uma experiência em torno de berbequins e ritmos de teares, os PVT Industrial.

Mas já antes disso, e da estreia em palco desta banda seminal em janeiro de 1985, em concerto no Orfeão da Foz, no Porto, Adolfo Luxúria Canibal formara os Bang-Bang com o Zé dos Eclipses, em 1981, e os AuAuFeioMau, banda por onde passaram diversos jovens artistas bracarenses em que o rocker rasgava caminhos e se arriscava na conceção e realização de espetáculos multimédia (dança, teatro, música…) como Rococó, faz o galo.

“Dos gatos brancos que jazem mortos na berma do caminho-de-ferro” (espetáculo em conjunto com Carlos Corais – performance musical a partir de ruídos de comboios, e “Labiú e a pulga amestrada» performance circense, em 1983. Joaquim Pinto e Miguel Pedro, em 1984os PVT Industrial, um grupo de berbequins e ritmos de teares, tendo sido os primeiros bracarenses a tocar em Lisboa (ESBAL). Mas foi em Novembro do mesmo ano que se deu a formação dos Mão Morta. Joaquim Pinto no baixo, Miguel Pedro na guitarra e Adolfo Luxúria Canibal na voz. Fitas pré-gravadas e programações rítmicas do colectivo.

Adolfo Luxúria Canibal participou também em Müller no Hotel Hessischer Hof ou Maldoror, de performances várias, como a neuro-áudio-visual Câmara Neuronal, realizada a partir dos sinais eléctricos emitidos pelo cérebro, The Wall of Pleasure, inaugurada na Rooster Gallery, em Nova Iorque, ou (Des) dobras, para a Boca – Bienal de Artes Contemporâneas, do filme de vídeo-arte S/título (мій голос), do espectáculo de dança No Fim Era o Frio e de espectáculos de comunidade, como os musicais Então Ficamos… e Chão.

O músico cronista foi ainda ator na série para televisão O Dragão de Fumo e em algumas curtas-metragens ou em peças de teatro como Eis o Homem! e também autor e locutor de programas de rádio. Autor de textos diversos para jornais e revistas, publicou, entre outros, os livros de poesia Rock & Roll, Estilhaços, Todas as Ruas do Mundo No Fim Era o Frio e Outros Textos de Amor e Solidão e o livro-objeto artístico Desenho Diacrónico.

 

Obs: Artigo atualizado em 2-6-2019, 9:55, com informação suplementar relativa à biografia de Adolfo Luxúria Canibal.

Imagem: (0, 1) Chiado Books, (2) Mão Morta

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