Música | Concerto Mariano do Padre Manuel Faria em Ribeirão

Música | Concerto Mariano do Padre Manuel Faria em Ribeirão

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No domingo, 12 de Maio, às 18h00, na Igreja Paroquial de Ribeirão, em Vila Nova de Famalicão, terá lugar o “Concerto Mariano” com a presença do Manuel Faria Ensemble e do organista João Santos, ficando a direção do concerto a cargo de Paulo Bernardino.

 

 

O Pe Manuel Faria, nascido em S. Miguel de Seide, em Famalicão, em 1916, e falecido no Porto, em 1983, foi um dos grandes compositores portugueses do Século XX.

Em 1928 deu entrada no Seminário de Braga onde, para além da sua preparação para o ministério sacerdotal, iniciou os seus estudos musicais. Foi aí, na Música, que Manuel Faria se destacou dos demais seminaristas, quer como soprano quer obtendo as mais altas classificações na disciplina.

Ordenado padre, em 1939, esteve algum tempo em Roma, onde acabaria por regressar, em 1942, para concluir os seus estudos musicais em Composição Sacra tornando-se no primeiro mestre português nessa área.

De regresso a Portugal passou por França, estabeleceu contactos com Olivier Messiaen e Igor Stravinsky. Trazia consigo a intenção de revolucionar a composição em Portugal, nomeadamente no campo da música litúrgica.

A estreia oficial de Manuel Faria como compositor, em Portugal, aconteceu apenas 1949 num concerto preenchido exclusivamente por obras de sua autoria, sob a sua direção, em Braga, durante as festividades da Semana Santa. Mas entretanto, também no estrangeiro a sua obra começou a ser reconhecida.

“Durante toda a sua vida sofreu de inadaptação: não era bem aceite como sacerdote por ser
compositor e, no meio musical, a sua aceitação era sempre condicionada pelo facto de ser
padre”. Refere Cristina Faria, na sua biografia do compositor publicada pela Universidade de Coimbra, que a coexistência destas duas facetas talvez seja o facto que lhe permitiu ser hoje reconhecido como “um dos maiores responsáveis pela reforma da música litúrgica em Portugal”.

Segundo lembra a sua biógrafa, o Padre Manuel Faria terá afirmado: “Tenho duas fortes manias: uma nasceu comigo – a música; a outra adquiri-a nas alegrias e tristezas duma vida obscura e insignificante mas intensamente vivida – o amor ao nosso povo e à nossa terra”.

Manuel Faria desenvolveu ainda diversas atividades paralelas à composição. Em 1971, Manuel Faria lança a “Nova Revista de Música Sacra” e entre 1976 e 1981 produziu e apresentou, na Rádio Renascença, o programa semanal “Ao encontro da grande música” que dão novos impulsos à renovação e projeção desta área musical.

Em quanto compositor, o Pe Manuel Faria notabilzou-se pelas suas obras de música sacra, profana, coral, pianística e sinfónica, num total de mais de cinco centenas de composições, entre trabalhos originais e arranjos. Mas o seu gosto pela música coral é evidente na sua obra composicional, grande parte constituída por peças para coro “a capella”, sobretudo música de cariz religioso, sendo a voz o instrumento de eleição, mas também música profana.

A sua biógrafa Cristina Faria considera que “com a simplicidade de alguns dos seus temas aproximou-se do povo cantante, conseguindo transmitir-lhe a beleza da sua música que, por vezes difícil de cantar pela complexidade das harmonias utilizadas, é, no entanto, sempre compreendida e apreciada pela
sua força expressiva e pela sua qualidade musical”.

“Dentro de um estilo que reflete a influência da música tradicional minhota, compôs centenas de cânticos ao sabor popular, a uma ou duas vozes, com melodias simples e bem delineadas, embora com intervalos de grande amplitude. A inovação, neste campo, transparece principalmente no arrojo das harmonias utilizadas para acompanhamento, normalmente para harmónio ou órgão”, acrescenta.

Já no que se refere à obra sacra, destaca-se um conjunto de dez Missas, entre 1938 e 1978, que “reflete, melhor que nenhum outro grupo de obras, o desenvolvimento da sua mestria como compositor. Apesar da identidade do texto, não se encontra em nenhuma delas sombra de repetição musical”.

“A criação musical de Manuel Faria acompanha, na sua maioria, os contactos que vai
estabelecendo com possíveis executantes”, da mesma forma que “o carácter fortemente expressivo da sua linguagem resulta, em grande parte, de uma harmonia livre, com agregados sonoros que escapam à tradicional lógica estrutural dos acordes”.

Com sede em Coimbra, o Manuel Faria Ensemble, o jovem agrupamento que acaba de completar dois anos de vida, tem como objetivo principal a interpretação de música sacra dos sécs. XX e XXI, com particular destaque para os compositores Pe Manuel Faria (1916 – 1983) e Pe. Maurice Pirenne (1928 – 2008) – compositor holandês com um percurso muito similar ao de Manuel Faria.

O organista que irá acompanhar a Manuel Faria Ensemble, João Santos, tem-se destacado nas áreas de Órgão e Composição, tanto a nível nacional, com o 2º prémio no Concurso Nacional de Órgão do Instituto Gregoriano de Lisboa (2007), como internacionalmente, através do contacto com célebres organistas como T. Jellema, W. Zerer, M. Bouvard, J. Janssen, F. Espinasse, O. Latry, D. Roth, L. Scandali, entre outros.  

Relativamente à direção do concerto apraz dizer que Paulo Bernardino é autor de diversos estudos sobre a obra de Manuel Faria, entre outros. Enquanto compositor, é representado pela editora MPmp na qual também é criador e responsável pela linha editorial Sacra XX-XXI. Tem a seu cargo as direções artísticas do Choral Polyphónico João Rodrigues de Deus (Penela), do Coro da Tuna de Perosinho (Gaia) e do Grupo Coral de Urrô (Arouca). É fundador, entre outros, do Manuel Faria Ensemble.

Neste concerto será apresentada «Missa em Honra de Nossa Senhora de Fátima», entre outro repertório Mariano do Padre, e compositor, Manuel Faria. A entrada é livre e condicionada à lotação do espaço.

 

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Entrevista de Cristina Faria sobre a biografia de Manuel Faria ao Expressing Music.

Imagens: (0, 3) Manuel Faria Ensemble, (1) Karine Paniza, (2) Leituras em Movimento

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