Castelo de Faria, o bastião do Alcaide Nuno Gonçalves

Castelo de Faria, o bastião do Alcaide Nuno Gonçalves

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Localizado na freguesia de Gilmonde, em Barcelos, isolado numa colina com vista para a estrada que liga Barcelos a Viana do Castelo, ou Viana da Foz do Lima, o Castelo de Faria era um dos castelos mais disputados e importantes entre os rios  Douro e Minho.

Na montanha onde o castelo se encontra localizado, há uma estação arqueológica que demonstra a ocupação humana na região desde o ano 3.000 aC. Foram aí também identificadas as estruturas de um poderoso castro localizado exteriormente ao perímetro do castelo de cerca de 700 aC.

A primeira referência documental sobre o castelo data de 1099. Nesse documento se refere que o Castelo de Faria se encontrava sob o comando de Soeiro Mendes da Maia, membro da nobreza agrária que por aquele tempo dominava o Condado Portucalense.

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Centro das então poderosas Terras de Faria, durante o século XII o Castelo teve como seus senhores outros nomes importantes da nobreza, como Ermígio de Riba Douro, Mem de Riba Vizela e Garcia de Sousa.

Pelos vestígios encontrados nas escavações, deduz-se que nos séculos XIII e XIV o Castelo de Faria foi objeto de obras de reforço e ampliação nos reinos de D. Dinis e D. Fernando.

Destes restos ainda existentes, tipologicamente vê-se que o castelo é românico, com o sustento isolado no centro do recinto amuralhado.

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Segundo a lenda, o Castelo resistiu ao ataque das forças de Castela no início de 1373.

A partir do século XV, com a ascensão ao trono da dinastia de Avis, o Castelo perdeu as funções defensivas e administrativas de Barcelos, sendo progressivamente abandonado até à ruína total. Parte das suas pedras foram utilizadas para a construção do vizinho Convento da Franqueira, erguido no sopé da serra.

Os restos do Castelo e da estação arqueológica próxima foram declarados monumento nacional em 1956.

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A lenda do Alcaide de Faria

Esta lenda foi imortalizada por Alexandre Herculano na sua obra Lendas e Narrativas.

O contexto da lenda é a segunda guerra que confrontou o rei Fernando I com Castela, quando as tropas invadiram a fronteira norte de Portugal avançando através de Viseu para Santarém e Lisboa. Tropas do Porto e Barcelos partiram então para enfrentar uma segunda coluna castelhana que cruzou o Minho. As tropas portuguesas incluíam um destacamento sob o comando de Nuno Gonçalves de Faria, Alcaide do Castelo de Faria.

O encontro entre os dois aconteceu perto de Barcelos e nele o guardião de Faria foi feito prisioneiro. Temeroso de que sua pessoa fosse usada como moeda para a conquista do Castelo, convenceu o comandante castelhano a levá-lo até às muralhas, a pretexto de convencer o filho a entregar o castelo. Mas em vez disso, frente às mesmas, o Alcaide exortou o filho a resistir até à morte. Evidentemente, os castelhanos mataram-no ali mesmo, diante de seu próprio filho; mas as tropas portuguesas resistiram e o castelo permaneceu invencível.

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Obs: Este artigo foi publicado originalmente no blogue Mis Castillos tendo sofrido ligeiras adequações para a presente edição.

Imagens: (0) Franqueira, (1) Orbeator, (2) Rafael Lara, (3) Carla Fernandes, (4) gravura: autor/proprietário desconhecido

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Combatentes famalicenses na I Grande Guerra (1914 – 1918)

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Categorias: Barcelos, Cultura, História

Acerca do Autor

Rafael Lara

Trabalhador da Telefonica (aposentado). Acredita nas pessoas e finge modestamente lutar por seus direitos. Membro da Associação do Conselho de Diretores para os Direitos Humanos da Andaluzia desde a sua fundação em 1990. Duas paixões: a primeira - os castelos, as fortificações, as torres... em resumo os sistemas defensivos, embora seja uma pessoa de convicções profundamente pacifistas; e a segunda - ficção científica, da qual também mantenho um blog: (Mulher, feminismo, ficção científica).

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