A poesia ‘dá as mãos’ e invade a cidade

A poesia ‘dá as mãos’ e invade a cidade

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Não poderia ser de outra maneira a comemoração do dia 21 de Março entre nós: começar a jornada no primeiro jardim público, envolvendo o palácio do Município de Famalicão da autoria de Januário Godinho e em jeito de sagração da Primavera que fulge, sob a sombra e bênção dos ramos verdes, plangentes e buliçosos deste nosso carvalho amigo escarlate, sexagenário que é e originário do leste da América do Norte (Quercus coccinea Munchh.), encostado à loja do antigo registo civil, para o marcarmos e classificarmos como espécie autóctone maior e protegida, benfazeja e acolhedora desde os tempos antigos dos Celtas e sob as quais reuniam em assembleia os moradores pela qualidade da sua sombra e proteção. Tem grandeza e porte bastante, além de idade e beleza, para merecer a distinção e começa por ele esta jornada de “A poesia invade a cidade“ que vai acontecer nos diversos palcos da cidade desde agora até ao próximo dia 5 de Outubro, ficando de permeio a celebração dos 150 anos de nascimento do nosso poeta maior Júlio Brandão(l869-1947) assim como de Sebastião de Carvalho( 1869-1926), para além de Armando Bacelar que partilha neste ano de 2019 o centenário com a grande poetiza Sophia de Mello Breyner Andresen.

Dobrando a esquina do edifício temos aqui uma bela e exótica cerejeira japonesa de flor, originária do leste asiático, (Prunus serrulata “Kanzan”, a árvore que o prémio Nobel da Literatura, José Saramago aqui plantou, segundo aprendizagem recebida dos avós Josefa e Jerónimo, em visita que fez a esta Câmara Municipal, aqui tendo recebido a medalha de honra do Município. Quantas autarquias entre as muitas centenas existentes no País poderão ostentar acometimento igual a esta beleza e variedade no seu espaço territorial? … Batizemo-la sem tibiezas como a nossa “ Árvore do Nobel” que com a velha acácia do Jorge junto à escadaria da Casa de Camilo, não só faz delas as 2 árvores mais famosas do concelho e da região, a par de muitas outras espécies belas, frondosas e raras, dispersas por largas dezenas de antigas quintas, pelos adros e terreiros das freguesias, com destaque óbvio para as oliveiras milenares e dos carvalhos e castanheiros centenários, que abundam, felizmente, entre nós.

Que nos resta? O roteiro dos 54 poetas dispersos pela cidade (6 famalicenses, 4 nacionais, 4 palop e 4 mundiais) desde hoje a 10 de Junho e desde 9 de Agosto até 5 de Outubro, desfilando 18 poetas e poemas em cada ciclo temporal, com as mais diferentes mensagens e convite para uma maior leitura e um agradável passeio bem marcado por roteiro nos mais diversos parques e lugares públicos da cidade. Um desafio interessante para toda a família em tempo que apetece sair e passear e cujo itinerário andará à volta de uma légua bem medida!…

O tempo estará assim tomado e invadido por esta tão inédita quão original iniciativa para que conheçamos cada vez mais o nosso passado, os seus valores e património cultural. As escolas e professores, as instituições e autarquias têm aqui um banquete à sua disposição por todos estes 6 meses: tempo de animação, encanto e criatividade constantes.

Há algo mais a dizer? Sim. O dia não ficaria devidamente assinalado sem plantarmos uma árvore, a romãzeira (Punica granatum) que adorna desde sempre a nossa bandeira do Município e que, pasme-se!… até hoje não tem sido suficientemente plantada, divulgada, estudada e amada… e, no entanto, ela é desde os tempos mitológicos da antiga Hélade o símbolo da fecundidade e fertilidade da Terra a par da unidade e coesão entre os cidadãos iguais e livres, para além de imensas propriedades em prol da saúde e da longevidade. E porque não plantar em todas as autarquias e escolas uma bela romãzeira?… Saibam  todos, porém, que as há também de flor e sem fruto, pelo que importa saber algo mais sobre elas, estas árvores tão belas e simples e que com a rica camélia e o inigualável rododendro fazem do terroir deste Minho alcatifado de verdes, uma das regiões mais bonitas e floridas de Portugal, não estivéssemos nós localizados mesmo no coração do Minho de Camilo e Eça, Tomás de Figueiredo e João Penha, de José de Guimarães e Medina, de Régio e Raúl Brandão, de Feijó e Adelino Ângelo.

Refira-se, finalmente, que para além da Associação Dar as mãos integram a parceria do projeto vencedor do concurso “Programar em rede”, a Casa ao lado, a cooperativa Piratiarte, o agrupamento de escolas AECCB e sua Associação de Pais para além ainda da Biblioteca Municipal.

A Associação Dar-as-Mãos celebra assim desta forma engenhosa e criativa com toda a comunidade famalicense os seus 25 anos de existência durante o ano em curso, desfolhando solidariedade e apoios bem diversos aos seus utentes e a quem quer que procure a Associação que está sempre de portas abertas para responder aos desafios que todos os dias que se colocam aos seus voluntários. Claro que o Programa de comemorações inclui outras intervenções a anunciar oportunamente.

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Acerca do Autor

Agostinho Fernandes

Agostinho Peixoto Fernandes nasceu em Joane, em 1942. Após a instrução primária, ingressou na austera Ordem do Carmo, em Viana do Castelo, tendo terminado a licenciatura em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Como professor do ensino Secundário ocupou, a partir de 1974, vários cargos de gestão em estabelecimentos de ensino. Entre 1980 e 1982 foi vereador da Cultura, pelo Partido Socialista, na Câmara Municipal de Famalicão, sendo Presidente Antero Martins do PSD, onde alicerçou uma política inovadora nesta área. Promoveu os Encontros Municipais e de Formação Autárquica, fundou o Boletim Cultural. Dinamizou o movimento associativo local. Em 1983 foi eleito presidente da Câmara de Famalicão, cargo que ocupou até 2001. O seu trabalho de autarca a favor da educação, ensino e acção social (foi um dos primeiros autarcas do país a criar no seu concelho uma rede pública de infantários) foi reconhecido em 1993 pela UNICEF, que o declarou “Presidente da Câmara Amigo das Crianças”. Ao longo dos seus sucessivos mandatos – que se estenderam por um período de quase 20 anos – o concelho transfigurou-se. A ele se deve a implantação de importantes infra-estruturas como o Citeve, Matadouro Central, Universidade Lusíada, Escola Superior de Saúde do Vale do Ave, Biblioteca Municipal, Artave, Centro Coordenador de Transportes, Casa das Artes, Museu da Indústria Têxtil e piscinas municipais. Também tomou decisões polémicas, como a urbanização da parte dos terrenos de Sinçães, a instalação de grandes e médias superfícies comerciais à entrada da cidade e a demolição do Cine-Teatro Augusto Correia. Foi um dos fundadores da Associação de Municípios do Vale do Ave, tendo, neste âmbito, enfrentando a maior contestação popular dos seus mandatos com a construção da ETRSU de Riba de Ave. É sócio de inúmeras associações cívicas, culturais e de solidariedade social e foi mandatário concelhio de Mário Soares e Jorge Sampaio (1º mandato) nas suas campanhas à Presidência da República.

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