Plantadores de uma nova Civilização de Paz e Amor

Plantadores de uma nova Civilização de Paz e Amor

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No dia 1 de janeiro, para além do início do ano novo de 2019, assinala-se o Dia Mundial da Paz, uma ocasião privilegiada para refletir sobre a nossa responsabilidade ética no presente e no futuro da Humanidade e do planeta Terra.

Um dia, o escritor brasileiro Paulo Coelho escreveu: «Cada pessoa, na sua existência, pode ter duas atitudes: construir ou plantar. Os construtores podem demorar anos em suas tarefas, mas um dia terminam aquilo que estavam fazendo. Então param, e ficam limitados por suas próprias paredes. A vida perde sentido quando a construção acaba. Os que plantam sofrem com as tempestades, as estações e raramente descansam. Mas, ao contrário de um edifício, o jardim jamais para de crescer. E, ao mesmo tempo que exige a atenção do jardineiro também permite que, para ele, a vida seja uma grande aventura».

Uma situação de encruzilhada global

A Humanidade atual vive num momento fundamental de encruzilhada a nível económico, social, político e ecológico.

Por um lado, a globalização e o progresso científico e tecnológico promoveu o crescimento económico e criou condições para a atenuação da pobreza extrema e a melhoria dos padrões de bem-estar material. Por outro lado, a sua natureza desequilibrada levou ao reforço das desigualdades, ao agravamento dos conflitos e à deterioração da situação ecológica do planeta, nomeadamente do clima e da biodiversidade.

Contudo, a atual situação de crise deve ser uma oportunidade privilegiada de discernimento crítico sobre as suas causas e as soluções necessárias para a sua superação.

Para além das suas dimensões económica e social, a atual crise não deixa de ser cultural e de valores.

O imperativo de mudança de consciência

Por conseguinte, a superação da atual crise requer uma mudança de consciência a nível individual e coletivo.

Todos os homens e mulheres que vivem no planeta Terra possuem uma dignidade essencial e direitos fundamentais, mas têm igualmente uma responsabilidade inegável pelo que fazem ou deixam de fazer. Todas as nossas decisões e atos, assim como as nossas omissões, têm consequências.

Cada um de nós deve manter viva essa responsabilidade, aprofundá-la e transmiti-la às gerações atuais e futuras.

As alegrias e as tristezas, as esperanças e as angústias dos seres humanos de hoje, sobretudo de todos aqueles que sofrem com as diversas formas de exclusão e de violência, devem ser também as alegrias e as tristezas, as esperanças e as angústias de cada de um de nós, e não existe nenhuma realidade verdadeiramente humana que não deva encontrar eco no nosso ser.

Devemos procurar cumprir fielmente os nossos deveres terrenos, guiados pelo Espírito de Deus.

Erram os que, sabendo que não temos aqui na Terra uma realidade permanente, pensam que podem por isso descuidar os seus deveres terrenos, sem terem em conta que a própria fé os obriga a cumprir com maior intensidade, segundo a vocação própria de cada um. Mas não menos erram os que, pelo contrário, consideram poder entregar-se às ocupações terrenas, como se estas fossem inteiramente alheias à vida espiritual, a qual pensam consistir somente no cumprimento dos atos de culto e de certos deveres morais. Esta separação entre a fé que se professa e o comportamento na vida quotidiana pode ser considerada como um dos mais erros mais significativos dos nossos tempos.

Uma nova forma de cultivar a espiritualidade

Temos a responsabilidade de cultivar uma espiritualidade orientada para o mundo contemporâneo.

Uma espiritualidade baseada num novo paradigma das relações dos seres humanos entre si, com a Natureza e com a Fonte Divina da qual emana tudo o que existe.

Uma espiritualidade que liberta e regenera o mundo segundo o Espírito de Deus.

Uma espiritualidade que cultiva um amor apaixonado por Deus e um amor compassivo pelos seres humanos como nossos irmãos, amando-os como Ele os ama.

Uma espiritualidade que confere unidade, sentido e esperança à existência, tantas vezes contraditória e fragmentada.

Animados por tal espiritualidade, podemos contribuir, à maneira do fermento, para o progresso e a emancipação da Humanidade e a regeneração do nosso planeta, com o testemunho da nossa própria vida.

Na nossa vivência existencial, não pode haver duas vidas separadas: por um lado, a vida chamada “espiritual”, com os seus valores e práticas; e, por outro, a chamada vida “secular”, ou seja, a vida da família, das relações sociais, do trabalho, da cultura e da participação cívica e política.

Cada um de nós, em estreita colaboração com todos os homens e mulheres de boa vontade, têm a responsabilidade de contribuir para uma sociedade na qual a dignidade da pessoa humana seja verdadeiramente promovida e valorizada.

.(Re)Valorizar o amor como lei suprema do nosso agir

Para tornar a sociedade mais digna da pessoa humana, é necessário (re)valorizar o amor nos diversos planos da vida em sociedade, fazendo dele a norma suprema da nossa ação.

Se a justiça é, em si mesma, apta para uma partilha mais justa e equitativa dos direitos e dos deveres entre os seres humanos, somente o amor é capaz de libertar o ser humano na sua plenitude. As relações humanas não podem ser somente reguladas pela medida da justiça. Esta deve reconhecer a primazia do amor, que é paciente e benigno, conforme proclama Paulo no seu célebre hino ao amor, inserido na sua primeira carta à comunidade cristã da cidade grega de corinto.

O amor deve ser o nosso sinal distintivo. Os grandes mestres espirituais da Humanidade, como Jesus, Sindartha Gautama (Buda) e Krishna, entre outros, ensinam-nos que a lei fundamental da perfeição humana e, portanto, da sua transformação e transmutação, é o mandamento do amor.

O nosso comportamento só é autenticamente humano quando emerge do amor e o manifesta em todas as suas dimensões.

O amor inspira uma vivência de autodoação: «Quem procurar ganhar sua vida vai perdê-la, e quem a perder vai conservá-la» (Lc 17,33). Fundamenta também uma espiritualidade encarnada, que implica a prática da justiça e da compaixão nas relações com os seres humanos e a Natureza: Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo (Mt 6, 33).

Esta verdade é igualmente válida no âmbito social. O amor deve estar presente em todas as grandes dimensões da vida em sociedade, como a economia, o trabalho, a política, a cultura e a ecologia, entre outras.

Mais do que nunca, é necessário que cada um de nós seja testemunha profundamente convicta e ativa do amor de Deus pela Humanidade e pelos demais seres viventes, contribuindo para a construção de uma nova civilização humana mais livre, fraterna e feliz, inserida num planeta ecologicamente sustentável.

Em 4 de setembro de 1993, o Parlamento das Religiões Mundiais aprovou a Declaração de Ética Mundial, que termina da seguinte forma: «Por fim, apelamos a todos os habitantes de nosso planeta: não se pode mudar a nossa Terra para melhor sem que se mude a consciência do indivíduo. Pronunciamo-nos em favor de uma mudança individual e coletiva da consciência, em favor de um despertar de nossas forças espirituais por meio da reflexão, meditação, oração e pensamento positivo, e em favor de uma conversão dos corações. Juntos podemos mover montanhas! Sem riscos e disposição ao sacrifício não haverá mudança de base em nossa situação! Por isso comprometemos-mos com uma ética mundial: com uma maior compreensão mútua, e com formas de vida compatíveis com as dinâmicas sociais, promotoras da paz e benéficas à natureza».

Obs: O Templo Ecuménico Universalista de Miranda do Corvo, na Serra da Lourinhã, é o primeiro do género em Portugal. O templo, em forma de pirâmide, foi inaugurado em 11 de setembro de 2016. Nele “estão representadas todas as religiões, a Maçonaria e outras ordens iniciáticas”. Apesar de se tratar de um templo, há nele um espaço também destinado aos ateus. Este templo pretende ser um ponto de encontro, “um ponto de convergência e de União e Conhecimento”. No interior da pirâmide, coexistem simbologia religiosa, maçónica e pagã (1).

Fonte: (1) Maçonaria Portuguesa

Imagem: Maçonaria Portuguesa

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Categorias: Crónica, Sociedade

Acerca do Autor

Daniel Faria

Nasceu em 1975, em Vila Nova de Famalicão. Licenciado em Sociologia das Organizações pela Universidade do Minho e pós-graduado em Sociologia da Cultura e dos Estilos de Vida pela mesma Instituição. É diplomado pelo Curso Teológico-Pastoral da Universidade Católica Portuguesa. Em 1998 e 1999, trabalhou no Centro Regional da Segurança Social do Norte. Desde 2000, é Técnico Superior no Município de Vila Nova de Famalicão. Valoriza as ciências sociais e humanas e a espiritualidade como meios de aprofundar o (auto)conhecimento, em sintonia com a Natureza e o Universo. Dedica-se a causas de voluntariado. É autor do blogue pracadasideias.blogspot.com e da página Espiritualidade e Liberdade.

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