Questionário de Proust | António José Salvador Coutinho

Questionário de Proust | António José Salvador Coutinho

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António José Salvador Coutinho nasceu em Espinho, em 1935, e reside em Vila Nova de Famalicão desde 1944. Advogado, licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra como aluno voluntário enquanto trabalhador da fábrica de pneus Mabor.

Foi jogador de futebol e de hóquei em patins – defesa da Seleção do Minho (Braga). Detém a medalha de mérito desportivo atribuída pelo Famalicense Atlético Clube a 12 de novembro de 1956. Foi presidente do Congresso da Federação Portuguesa de Columbofilia e detém a Medalha Dourada da mesma Federação.

Como trabalhador, ajudou à consciencialização democrática dos trabalhadores antes do 25 de Abril e, junto de vários sindicatos, desenvolveu, já como advogado,  ações de preparação para a cidadania (o que lhe valeu ser submetido a dois interrogatórios pela polícia política do regime de então – PIDE/DGS).

Iniciou-se na poesia e na prosa com colaborações em vários jornais, nomeadamente na Estrela do Minho (1º texto publicado), Estrela da Manhã, Notícias de Famalicão e Democracia do Norte. Foi criador do 1º Suplemento Literário do Notícias de Famalicão. Depois, foi escrevendo….

Na sua ação política, Salvador Coutinho foi militante do MDP/CDE, pelo qual viria a ser candidato a Deputado à Assembleia Constituinte, no Distrito de Braga, pelo partido político em 25/4/1975.

Mais tarde, tornou-se militante do Partido Socialista (1/12/1977). no qual foi Secretário Coordenador na Secção de Vila Nova de Famalicão, membro da Comissão Distrital de Braga, membro da Comissão Nacional e membro da Comissão Especializada para o Trabalho, Mandatário Concelhio da Candidatura à Presidência da República do General Ramalho Eanes na sua primeira eleição, Deputado à Assembleia Municipal de Vila Nova de Famalicão – líder do Grupo parlamentar. Após a cisão de candidaturas que conduziu à ausência do Partido Socialista da liderança autárquica em Vila Nova de Famalicão, Salvador Coutinho foi ainda Deputado pelo MAF (Movimento Agostinho Fernandes) à Assembleia Municipal de Vila de Famalicão – líder do Grupo Parlamentar.

Salvador Coutinho desempenhou ao longo da sua vida as mais diversas tarefas no âmbito social. Assim, foi Secretário da Mesa da Assembleia Geral do Futebol Clube Famalicão, Presidente da Direção da Sociedade Columbófila de Famalicão, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Sociedade Columbófila de Famalicão, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação Columbófila do Distrito de Braga, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Columbofilia, Presidente do Congresso da Federação Portuguesa de Columbofilia, Presidente do Conselho Fiscal da Dar as Mãos – Associação de Solidariedade de Vila Nova de Famalicão. É ainda membro do Automóvel Clube de Portugal – Sócio nº 116316, do Grupo Recreativo de Gavião (Sócio Honorário nº 1), da Associação Amigos de Famalicão (Sócio Efetivo) e do Futebol Clube de Famalicão – Sócio nº 172,

No concelho de Famalicão, desempenhou um importante papel em tarefas sociais ligadas às movimentações de trabalhadores antes e depois do 25 de Abril, tendo sido consultor jurídico da Comissões de Trabalhadores da Röederstein, Mabor, Artedu e Maconde.

Ao longo da sua carreira profissional, Salvador Coutinho desempenhou as mais diversas tarefas a nível profissional. Começou por ser aprendiz na Secção Técnica da Fábrica de Pneus Mabor, tendo depois sido supervisor (Chefe de Secção) da Secção de Construção de Pneus Ligeiros e Pesados da Fábrica de Pneus Mabor, período durante o qual foi estudando Direito.

Tendo-se licenciado, começou a exercer como Advogado, com a Cédula nº 1171-P. Nessa qualidade, foi representante eleito da Delegação de Vila Nova de Famalicão da Ordem dos Advogados ao 1º Congresso dos Advogados e Presidente da Delegação da Ordem dos Advogados de Vila Nova de Famalicão.

Noutra das suas facetas públicas, Salvador Coutinho é também escritor e membro da respetiva Associação Portuguesa de Escritores – Sócio nº 372,. Da sua já vasta bibliografia, contam-se diferentes registos, da poesia ao romance, passando pela novela. Os títulos até hoje editados são: Eu (Poesia, 1957), Homem ao Vento (Contos, 1961), 20 Poemas para a Vida (Poesia, 1971), Na Brisa de um Dia Cinza (Poesia, 1973), O Fingidor (Contos, 1980), Luciana, a Velha (Novela, 1984), Poemas de Mar e Amar (Poesia, 1984), Exercícios de Amor (Poesia, 1987), 12 Poemas Só (Poesia, 1999), Um Pirilampo que Apaga a Escuridão (Poesia, 2006), Luciana, a Velha (Novela, 2ª ed., 2007), Vem Dormir Comigo Até Ser Sol (Romance, 2007), Um dia Há Tanto Tempo no Mundo (Romance, 2011), Prenda Mais Morro Por ti (Poesia (2013), E o Sol Abriu a Janela (Poesia, 2014).

Na qualidade de escritor, Salvador Coutinho viu, por duas vezes, o seu trabalho reconhecido publicamente, tendo recebido dois prémios Universitatis Portucalensis atribuídos pela Universidade do Porto: o Prémio João de Deus, em 1966 – 1ª Menção Honrosa, e o Prémio Júlio Dinis, em 1967 – 1ª Menção Honrosa.

A Vila Nova orgulha-se de partilhar e dar a conhecer a obra de Salvador Coutinho, enquanto autor.

Por último, no âmbito desportivo, em especial quando mais jovem, Salvador Coutinho teve participação ativa como atleta no Futebol: Grupo Desportivo e Recreativo Mabor (guarda-redes), Futebol Clube de Landim (guarda-redes); Futebol de Salão: Académico Futebol Clube de Famalicão (guarda-redes); no Hóquei em Patins (Famalicense Atlético Clube (defesa – representou várias vezes a Seleção do Minho),

 

 

1- Qual é para si o cúmulo da miséria moral?

Falta de objetivos de vida eticamente sãos.

 

2- O seu ideal de felicidade terrestre?

O amor da família.

 

3- Que culpas, a seu ver, requerem mais indulgência?

As que são temperadas por um arrependimento do que foi feito e proscritas por uma vontade séria de não repetir.

 

4- E menos indulgência?

As que se banalizam no quotidiano.

 

5- Qual a sua personagem histórica favorita?

Jesus Cristo e Vasco da Gama.

 

6- E as heroínas mais admiráveis da vida real?

A generalidade das mães portuguesas de todos os séculos.

 

7- A sua heroína preferida na ficção?

A Padeira de Aljubarrota.

 

8- O seu pintor favorito?

Francisco de Goya, o seu “Os Fuzilamentos da Montanha do Príncipe Pio” e também conhecido como Os Fuzilamentos de 3 de maio de 1808″, em Madrid – 1814. É inultrapassável e inesquecível.

 

9- O seu músico favorito?

Piotr Ilich Tchaykovsky.

 

10- Que qualidade mais aprecia no homem?

Lealdade.

 

11- Que qualidade prefere na mulher?

Lealdade.

 

12- A sua ocupação favorita?

Escrever (pouco concretizada). É a escrever que solidamente temos conhecimento de que há mais gente na Terra (não há só terráqueos), assim como sabemos que há mais deuses (sabemo-lo entretanto).

 

13- Quem gostaria de ter sido?

Tenho sido o que gosto. Espero conseguir continuar a sê-lo.

 

14- O principal atributo do seu carácter?

Lealdade.

 

15- Que mais apetece aos amigos?

Muita saúde e alegria de viver (a todos, mesmo ao que não merecem ser amigos).

 

16- O seu principal defeito?

Preguiça circunstancial.

 

17- O seu sonho de felicidade?

Manter o amor na Família.

 

18- Qual a maior das desgraças?

A morte precoce.

 

19- Que profissão, que não fosse a de escritor, gostaria de ter exercido?

Já exerci a de estudante, já fui trabalhador fabril, sou advogado, gostei de todas estas tarefas que me impus. Provavelmente também gostaria de ser escritor desde que pudesse manter o grau de independência, julgo, me caracteriza, mas todos sabemos quem pelo menos no nosso país é utópico ser escritor livre e economicamente independente – respeito os que se considerarem exceção porque naturalmente o serão.

 

20- Que cor prefere?

Verde (esperança e Sporting que ultimamente tão mal tratado tem sido).

 

21- A flor que mais gosta?

Rosa (se possível vermelha e uma apenas).

 

22- O pássaro que lhe merece mais simpatia?

Pombo Correio (o melro, o rabirruivo, o pardal estão no mesmo pedestal).

 

23- Os seus ficcionistas preferidos?

Padre António Viera, Camilo Castelo Branco, Ernest Hemingway, José Cardoso Pires, Leon Tolstoi, Albert Camus, Cormac McCarthy).

 

24- Poetas preferidos?

Luís de Camões, Cesário Verde, Fernando Pessoa, Miguel Torga, o José Régio do “Cântico Negro”.

 

25- O seu herói?

Jesus Cristo e Vasco da Gama.

 

26- Os seus heróis da vida real?

Os astronautas e todos os cientistas que dedicam a sua vida a melhorar a vida humana (a do seu próximo – no fundo).

 

27- As suas heroínas da história?

Sempre as mães de todo o mundo (não obstante Joana d’ Arc e Angela Merkel).

 

28- Que mais detesta no homem?

A deslealdade.

 

29- Caracteres históricos que mais abomina?

A selvajaria da guerra proporcionada (como sempre por interesses económicos censuráveis).

 

30- Que facto, do ponto de vista guerreiro, mais admira?

A Expansão Portuguesa levada a cabo pelo rei Afonso Henriques e seus sucessores que há nove séculos criaram as fronteiras deste país e deste povo que merecia uma classe política medianamente proba, inteligente e sabedora.

 

31- A reforma política que mais ambiciona no mundo?

A construção da sociedade socialista do futuro tendo como base e limite o respeito pelas liberdades fundamentais, pela capacidade de empreender e pela dignidade e singularidade do homem (varrendo com os sistemas engendrados para conseguir explorar o homem indivíduo livre, imaginoso e sonhador).

 

32- O dom natural que mais gostaria de possuir?

Sinto-me realizado (e beneficiado pela sorte dos costumes) com os dons com que a Natureza me dotou (há que os aproveitar, desenvolver e, se possível e aceite, em benefício do próximo).

 

33- Como desejaria morrer?

Não desejo morrer e sendo um composto (espírito/corpo) sei bem que tudo depende do meu corpo. O desejo próprio não tem lugar neste painel.

 

34- Estado presente do seu espírito?

Tranquilo pensando no que de útil posso fazer amanhã.

 

35- A sua divisa?

Tive várias – vêm normalmente nos meus livros: “O que fores sê-o sinceramente”, “Pela paz e pelo povo”. Outra é lembrar-me sempre do “Povo, Donde venho e de quem sou” (o nosso povo português naturalmente).

 

36- Qual é o maior problema em aberto do concelho?

É uma dor de alma ver tantos automóveis particulares a circular e com frequência inaudita. Transportes coletivos só cadeiras vazias (não há quem passe uma semana, oito horas por dia e tome apontamentos: anote o nº de passageiros e colha nas escolas e fábricas os respetivos horários e frequências) e entregue tal trabalho (ainda que incipiente e rudimentar) a um engenheiro de trânsito (que já os há esse mundo fora). Quem me dera vir para o meu trabalho e regressar a casa nos transportes públicos.

 

37- Qual a área de problemas que se podem considerar satisfatoriamente resolvidos no território municipal?

Temos jardins públicos, temos o Parque da Devesa, temos espaços públicos reservados à Casa da Cultura, Auditório da Biblioteca Municipal Auditório da Casa de Camilo, Casa da Juventude, etc. Dar-lhes vida intensa, necessário (favos sem abelhas não dão mel).

 

38- Que obra importante está ainda em falta entre nós?

Penso que uma obra monumental (difícil , delicada e requerendo muita sensibilidade social) era o rastreio de todos os agregados familiares do Concelho, bem como dos seus anseios, recomendações e carências. Daí partir para um esclarecido apoio aos necessitados e incitamento aos demais que, de modo digno e cordato, não sobrecarregassem o horário municipal.

Também considero que não foi devidamente interpretada a minha sugestão da criação do Museu da Indústria Têxtil que foi registada em Assembleia Municipal de Vila dNova de Famalicão, pelos anos 80 (penso eu). Vila Nova de Famalicão e as gerações dos seus industriais e dos seus trabalhadores têxteis mereciam um museu da indústria têxtil que fosse único no país. Assim não foi. Mas podia ter sido. E ainda pode vir a ser.

Temos gente (tivemos gente), tivemos história (e temos) na indústria têxtil que podia e pode determinar uma obra de dimensão nacional. Um pólo de atração único. Provavelmente Riba d’ Ave espera por algo nesse sentido. A ideia, pelo ano de 1980,(quando começou o desmembramento dessa indústria nos termos então existentes) era a de construir uma fábrica como as desse tempo que (sendo museu) quer por secções quer por um todo pudesse ser posta a trabalhar para que as gerações vindouras vissem onde os seus pais e avós (e quase todos só com a 4ª Classe ou menos) ganharam dinheiro, experiência, cultura de vida e ambição para os lançarem nos estudos (agora aparecem advogados, engenheiros, médicos, economistas, gestores, professores, etc) concretização viva dos sonhos dos pais. Seria, como sonhado, a presença viva de uma época de ouro do Concelho consubstanciando um polo de atração nacional. Não esqueceria também o Museu do Traje, nomeadamente Cavalões, Outiz, Fradelos, Calendário (bem como outras freguesias) que ainda possuem um espólio valioso e único que vale a pena preservar (trajes do povo rico, trajes do povo pobre – que os tinha também e deles se orgulhava).

 

39- De que mais se orgulha no seu concelho?

Da capacidade de desenvolver, criar riqueza e de ter aproveitado (nas décadas de 80 e seguintes) para consolidar os avanços de cidadania militante que a queda da ditadura (25 de Abril de 1974) permitiu. Daí em diante (não obstante a mediocridade quase generalizada dos Governos, os munícipes famalicenses de todos os estratos sociais e económicos, no empenhamento mais adivinhado pelo bom observador que evidenciado vão construindo um Concelho que melhora dia após dia (veja-se a pujança industrial e a capacidade exportadora).

A população do Concelho é a grande responsável pela concretização de tal desiderato (afinal o povo – donde orgulhosamente venho e de quem sou).

 

40- Qual é o livro mais importante do mundo para si?

A Bíblia e, não sendo livro, mas sendo texto de relevância fundamental nos dias de hoje, a “Declaração Universal dos Direito do Homem / DR. – 1ª Série – nº º57, de 9/3/1978.

 

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Categorias: Sociedade

Acerca do Autor

Agostinho Fernandes

Agostinho Peixoto Fernandes nasceu em Joane, em 1942. Após a instrução primária, ingressou na austera Ordem do Carmo, em Viana do Castelo, tendo terminado a licenciatura em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Como professor do ensino Secundário ocupou, a partir de 1974, vários cargos de gestão em estabelecimentos de ensino. Entre 1980 e 1982 foi vereador da Cultura, pelo Partido Socialista, na Câmara Municipal de Famalicão, sendo Presidente Antero Martins do PSD, onde alicerçou uma política inovadora nesta área. Promoveu os Encontros Municipais e de Formação Autárquica, fundou o Boletim Cultural. Dinamizou o movimento associativo local. Em 1983 foi eleito presidente da Câmara de Famalicão, cargo que ocupou até 2001. O seu trabalho de autarca a favor da educação, ensino e acção social (foi um dos primeiros autarcas do país a criar no seu concelho uma rede pública de infantários) foi reconhecido em 1993 pela UNICEF, que o declarou “Presidente da Câmara Amigo das Crianças”. Ao longo dos seus sucessivos mandatos – que se estenderam por um período de quase 20 anos – o concelho transfigurou-se. A ele se deve a implantação de importantes infra-estruturas como o Citeve, Matadouro Central, Universidade Lusíada, Escola Superior de Saúde do Vale do Ave, Biblioteca Municipal, Artave, Centro Coordenador de Transportes, Casa das Artes, Museu da Indústria Têxtil e piscinas municipais. Também tomou decisões polémicas, como a urbanização da parte dos terrenos de Sinçães, a instalação de grandes e médias superfícies comerciais à entrada da cidade e a demolição do Cine-Teatro Augusto Correia. Foi um dos fundadores da Associação de Municípios do Vale do Ave, tendo, neste âmbito, enfrentando a maior contestação popular dos seus mandatos com a construção da ETRSU de Riba de Ave. É sócio de inúmeras associações cívicas, culturais e de solidariedade social e foi mandatário concelhio de Mário Soares e Jorge Sampaio (1º mandato) nas suas campanhas à Presidência da República.

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