Conceitos | Maria Leal e a emancipação das mulheres – a visão de quem não se emancipou
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A Maria Leal, fonte de uma grande inspiração e uma artista cujo talento é conhecido por todos, já foi casada, tem uma porrada de filhos e já é avó. E, para mim, o meu cérebro bloqueia neste ponto.
Vivemos num mundo de preconceito e a toda a hora julga-se quer pela aparência quer pelo extrato social ou até pelo título académico de cada um. No entanto, a dada altura, algures neste país, alguém olhou para um rato-toupeira com paralisia cerebral e sem dentes e resolveu dar-lhe um milhão em dinheiro e imóveis porque “ama” e “confia” naquela mulher. Meus amigos, se isto não é o grande símbolo da emancipação das mulheres, então eu não sei o que é!
Andam as Capazes a fazer aos três e quatro artigos sobre os beijos aos avós e ainda não tiveram tempo para congratular uma mulher que neste mundo de homens e tão misógino conseguiu levantar um império com o seu talento, destruir o espólio de um artista homem conhecido e reconhecido, usar o nome de uma família que não é dela, gozar de um milhão de euros, ter uma queixa crime e não haver como notificá-la porque a morada legal dela ainda é na casa do marido – que é um homem, pois claro. É ou não é ato de se tornar livre ou independente tal e qual como a emancipação sugere?
E toda esta história podia ser interpretada como sendo um golpe do baú, mas a verdade é que mesmo com mais de quinhentos mil euros em dinheiro ela continuou a vestir-se como uma prostituta barata, pédicure de quem lavra um campo com os pés e maquilhagem da loja do chinês. Por isso, aqui também se vê que não renega as origens e que o dinheiro não a alterou. Caraças!… Isto é o verdadeiro empoderamento feminino sob forma de uma luta humilde e consistente.
Sei lá eu se isto é a culpa dela ou do marido tolinho. Nem quero saber! O que para mim é verdadeiramente importante é como é que aquela catatua desafinada conseguiu que alguém assinasse um compromisso de casamento. Quanta confiança em nós próprios temos que ter para ter aquela cara e convencer, não um, não dois, mas muitos mais homens que tem vinte e oito anos numa altura em que tem quarenta e quatro. Acho absolutamente incrível!
E agora vem a parte melhor: lá meio perdido na reportagem, o marido tolinho conta que a “Bézinha”, conhecida pelo nome de Maria Leal, dizia conseguir entrar em contacto com o pai dele e que não só tinha este poder como vinha de outro planeta. Eu nem sequer estou a usar ironia nem sarcasmo, é mesmo a sério que ela lhe dizia. Diz o miúdo que ela sempre foi muito espiritual. Não é genial? C’um caneco!
São histórias bonitas como estas que mostram que qualquer um, independentemente das suas origens, sejam elas o planeta Terra ou outros, independentemente dos nossos talentos, sejam eles cantar ou gritos de dança da chuva, também pode convencer um alguém rico e jovenzinho a ser “tutor” de uma fortuna.
É bonito isto!
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