Saúde | Portal da Queixa regista aumento de 72% nas reclamações de utentes até setembro de 2019

Saúde | Portal da Queixa regista aumento de 72% nas reclamações de utentes até setembro de 2019

Pub

 

 

As queixas dos utentes aos serviços de Saúde aumentaram significativamente. Entre janeiro e setembro de 2018, chegaram ao Portal da Queixa – maior rede social de consumidores de Portugal – cerca de 2034 reclamações dirigidas ao setor da Saúde, verificando-se um aumento na ordem os 72%, em dados comparativos ao período homólogo.

 

 

O mau serviço prestado – tanto nas unidades de saúde do serviço público, como no serviço privado – apresenta-se como o principal motivo de reclamação da maioria dos consumidores. Dentro do setor, os serviços de saúde mais reclamados são os organismos públicos: hospitais, maternidades e centros de saúde e, por fim, os grupos de saúde privados.

 

Aumento de 61% do número de reclamações a hospitais e maternidades

Mau atendimento, ou falta dele, é o principal motivo das reclamações dos portugueses (130 queixas). Segundo a análise feita às reclamações recebidas pelo Portal da Queixa, ao invés de se depararem com um atendimento cuidado, atencioso e informado, os utentes são alvo de um mau atendimento e, por vezes, não obtêm qualquer tipo de resposta, esclarecimentos, nem sequer a prestação do serviço.

Veja-se a reclamação efetuada e que é possível encontrar registada no Portal da Queixa, sob o número 15864218, por Angelina Faria, de Vila Nova de Famalicão, em relação ao Hospital de S. de Deus:

“No dia 1 janeiro de 2018, o meu pai deu entrada no hospital S. João de Deus, em Famalicão, com pulseira laranja cerca das 12h45. Foi atendido pela Drª. Alice Pinheiro que tentou medir-lhe a tensão arterial, mas o aparelho estava avariado. Não procurou outro e, passadas umas horas, pelas 18h30, veio dizer-me que ia dar alta ao meu pai porque tinha as tensões boas… tensão essa que não mediu… Relembrei-lhe que não a tinha visto e então encolheu os ombros e disse “Vimos agora”… Disse [depois] à enfermeira para tirar o catéter ao meu pai, catéter esse que nunca colocou… No início, ao explicar-lhe o que tinha acontecido, não valorizou o que eu tentava dizer, aliás quando lhe disse que os bombeiros viram a tensão do meu pai e que esta estavam a mínima a 5 e a máxima a 9, respondeu-me que isso não existia!!! ???… Perguntei-lhe se não tinha os dados que os bombeiros que socorreram o meu pai tinham assinalado; disse-me que não… quando eu sei que eles escrevem os dados que vêem na vítima, (questionei-os sobre isso)… Falta de profissionalismo é o que lhe posso chamar… Saí do hospital com o meu pai cheio de febre, com um benuron 1000, quando tinha desmaiado várias vezes, algumas vezes com tremores muito fortes, tinha vomitado, com diarreia e, quando consciente, não reconhecia ninguém nem o local onde estava, tentava falar e não conseguia… Por insistência minha, fez-lhe uma TC, é verdade, aliás foi a única coisa feita… Mas veio para casa e, mal se sentou numa cadeira, voltou a dar-lhe o mesmo e eu a ter de chamar de novo o 112… Nem meia hora e estávamos de novo no hospital… :(”

O elevado tempo de espera é, também, um dos motivos mais apontado.

Mais de 100 reclamações dirigidas aos hospitais públicos e maternidades públicas do país, referem-se à falta de informação e esclarecimentos dados pelos serviços aos utentes, bem como a falta de condições e triagem mal feita.

Veja-se um caso de falta de informação e esclarecimento adequado.

“Liguei para a Saúde 24 relativamente a um problema da minha filha e fui imediatamente reencaminhado para o Centro de Saúde de Barcelos. Quando cheguei ao Centro de Saúde, fui informado que receberam a comunicação da Saúde 24, mas que aí não havia ninguém para ver a minha filha. Mandaram-nos então para o Hospital de Barcelos porque ali ela não iria receber nenhuma consulta ou tratamento.

Liguei novamente para a Saúde 24 para informar do ocorrido e, [na resposta,] uma vez que o Centro de Saúde de Barcelos se recusou a ver a minha filha, a Saúde 24 iria comunicar ao Hospital de Barcelos a ocorrência. Já bastante desagradado com a recusa do Centro de Saúde de Barcelos em receber e tratar a minha filha, ainda mais surpreendido e aborrecido fiquei quando, [de seguida,] a Saúde 24 me disse que não iria remeter a minha filha para o Hospital de Barcelos porque já a tinha reencaminhado para o Centro de Saúde de Barcelos e era da responsabilidade do Centro de Saúde de Barcelos lidar com a ocorrência, pelo que a Saúde 24 não ia voltar a reencaminhar a minha filha para mais nenhum lado.

Quando chegamos Hospital de Barcelos a minha filha foi admitida e recebeu o tratamento julgado necessário e adequado para resolver a situação. No entanto, os Serviços Administrativos do Hospital de Barcelos não aceitaram a inscrição da minha filha como sendo proveniente dum reencaminhamento da Saúde 24. Apresentei o comprovativo do reencaminhamento que entretanto trouxe do Centro de Saúde de Barcelos, mas os Serviços do Hospital de Barcelos recusaram-se a aceitar o referido documento, alegando que o reencaminhamento da Saúde 24 era para o Centro de Saúde de Barcelos e não para o Hospital de Barcelos”.

Por isso, questiona-se o autor da queixa, Carlos Manuel Figueiredo Silva, de Barcelos, no registo efetuado sob o número 10447917, em 9 de junho de 2017, ainda sem resposta:

“Não deveria a Saúde 24 ter conhecimento da inexistência de profissionais de saúde no Centro de Saúde de Barcelos para lidar com o problema? Não deveria a Saúde 24 reencaminhar a minha filha diretamente para o Hospital de Barcelos? Após a recusa do Centro de Saúde de Barcelos em receber a minha filha, não deveria a Saúde 24 redirecionar o reencaminhamento inicial do Centro de Saúde de Barcelos para o Hospital de Barcelos? Como é possível a Saúde 24, após ser informada que a minha filha não foi recebida no Centro de Saúde de Barcelos, se recusar a reencaminhá-la para o Hospital de Barcelos?”

Falta de meios ou equipa técnica de saúde, negligência e o tempo de espera para remarcar uma consulta são, também, alguns dos motivos apresentados pelos utentes portugueses sobre os hospitais e maternidades.

Vitor Oliveira reclama, em 21 de junho, sob o registo nº 19749518, pelo não atendimento telefónico no Hospital da Senhora da Oliveira, em Guimarães:

“Ando há 1 mês a tentar ligar para o Hospital de Guimarães para alterar uma consulta e fazem-me ficar à espera por muito tempo. Chegam a deitar a chamada abaixo. A consulta [desconhece-se a especialidade] tem que ser alterada com urgência e ninguém quer saber!”

 

Fonte: Portal da Queixa

Imagens: (0) Portal da Queixa, (1) SNS

 

Se chegou até aqui é porque provavelmente aprecia o trabalho que estamos a desenvolver. 

A Vila Nova é gratuita para os leitores e sempre será. 

No entanto, a Vila Nova tem custos. Gostaríamos de poder vir a admitir pelo menos um jornalista a tempo inteiro que dinamizasse a área de reportagem e necessitamos manter e adquirir equipamento. Para além disso, há ainda uma série de outros custos associados à manutenção da Vila Nova na rede.

Se considera válido o trabalho realizado, não deixe de efetuar o seu simbólico contributo sob a forma de donativo através de multibanco ou netbanking.

NiB: 0065 0922 00017890002 91
IBAN: PT 50 0065 0922 00017890002 91
BIC/SWIFT: BESZ PT PL

 

Pub

Categorias: Sociedade

Acerca do Autor

Comente este artigo

Only registered users can comment.