Doutorado em Ciência Política pela Universidade de Oxford, e com mestrado e licenciatura pela London School of Economics, João Gomes Cravinho é atualmente embaixador da União Europeia no Brasil, desde agosto de 2015, tendo desempenhado o mesmo cargo na Índia entre 2011 e 2015.
Entre março de 2005 e junho de 2011, João Gomes Cravinho foi secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, nos XVII e XVIII governos constitucionais liderados por José Sócrates. Foi também secretário de Estado da Defesa durante a tutela do ministro Luís Amado no executivo de José Sócrates.
Governo com novos ministros da Defesa, Economia, Saúde e Cultura
O primeiro-ministro fez hoje a maior remodelação no Governo desde a sua tomada de posse, envolvendo quatro ministérios, com a substituição, na Defesa, de Azeredo Lopes por João Gomes Cravinho, na Economia, de Manuel Caldeira Cabral por Pedro Siza Vieira, na Saúde, de Adalberto Campos Fernandes, por Marta Temido, e na Cultura, pasta Luís Castro Mendes por Graça Fonseca, nomeações de imediato aceites pelo Presidente da República.
Com as mudanças agora operadas, o número de ministros desce de 17 para 16, já que Pedro Siza Vieira passa a ser ministro Adjunto e da Economia.
No XXI Governo Constitucional, é de referir ainda que o número de ministras aumenta de três para cinco.
Graça Fonseca, na Cultura, e Marta Temido, na Saúde, juntam-se no executivo liderado por António Costa às ministras da Presidência, Maria Manuel Leitão Amaro, da Justiça, Francisca Van Dunem, e do Mar, Ana Paula Vitorino.
Sem contar com o primeiro-ministro, o Governo passa a ter um elenco de 16 ministros, dos quais cinco são mulheres (cuja percentagem aumenta de 18% para 31%).
Em termos de orgânica, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, passa a ser ministro do Ambiente e da Transição Energética, com a inclusão da Secretaria de Estado da Energia na sua esfera de competências.
A Secretaria de Estado da Energia, desde a formação do atual Governo, esteve na área da Economia.
O que dizem por aí:
Miguel Santos Carrapatoso, no Expresso, refere que “o tempo muda tudo. António Costa foi defendendo todos os seus ministros até limite, mas acabou por anunciar a substituição de quatro este domingo, numa remodelação vasta como há quase 20 anos não se via. Há razões que justificam cada ministro que sai: má gestão política, inabilidade, foco de polémicas, apagamento ou erro de casting. O primeiro-ministro dá assim o tiro para um ano político infernal que só acabará no outono de 2019 com as eleições legislativas. Com os novos perfis, parece procurar estabilidade na Defesa, competência técnica e refrescamento na Saúde, liderança e influência na Economia e capacidade executiva na Saúde”.
Por seu turno, Celso Filipe, no Jornal de Negócios, considera que “a ascensão de Pedro Siza Vieira para a Economia e a escolha de João Gomes Cravinho para a Defesa, assim como a de Marta Temido para a Saúde, mostram que António Costa quer entrar no território da pré-campanha eleitoral sem pontos fracos”, daí concluindo que “afinal, não é o Orçamento para 2109 que é eleitoralista. Eleitoralista é o Governo que agora sai desta remodelação. E também aqui o primeiro-ministro voltou a surpreender”.
Entre os partidos políticos, o PCP fez notar que “para lá do papel que a partir da perspetiva pessoal de cada ministro e de como ela se traduz nas respectivas pastas ministeriais, o que é determinante é a política do Governo. Com ou sem remodelação, o que verdadeiramente importa é que a política do governo responda aos problemas que estão colocados ao País” e que “há uma resposta que continua adiada em áreas decisivas, de que são exemplo os direitos dos trabalhadores e legislação laboral, a afirmação do desenvolvimento soberano e uma efetiva valorização dos serviços públicos”. O Observador indica que o líder comunista, Jerónimo de Sousa, resumiu a anterior informação com um dito popular, hoje à tarde, em cerimónia pública de homenagem a José Saramago, afirmando que “quem sabe da vida do convento é quem lá vai dentro”.”
Declaração de relevo sobre a remodelação governamental, no plano político, foi também aquela que Assunção Cristas, a líder do CDS, proferiu, considerando-o um “primeiro-ministro fragilizado” e atacando António Costa: “A remodelação que o país precisa mesmo é a de António Costa”.
Fontes: CDS, Expresso, Governo, Jornal de Negócios, Observador Partido Socialista, PCP e RTP
Imagem: Maria de Lurdes Feio