Catarina Martins: Está na hora de devolver o futuro

Catarina Martins: Está na hora de devolver o futuro

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O Fórum Socialismo 2018 terminou este domingo, após um fim de semana que contou com 77 oradores em 50 painéis sobre temas variados, edição que foi a mais participada de sempre, com cerca de meio milhar de pessoas a passarem pelo mesmo ao longo do fim de semana em Leiria.

“Aqui estamos para todas as responsabilidades. Somos o Bloco de Esquerda”, afirmou Catarina Martins, a coordenadora do Bloco de Esquerda, já no final do seu discurso, deixando em aberto a eventualidade de participação num futuro Governo em aliança com o Partido Socialista. Leonete Botelho, do Público,  considera que esta intervenção serviu três objetivos: “afirmar o Bloco de Esquerda como partido responsável, deixando claro que não deixa de ser um partido de oposição ao PS, mas construtiva; apontar à direita como a origem de todos os males do passado e do presente; e erguer bem alto a bandeira do investimento público, antes que a direita se aproprie dela”.

As escolhas do próximo Orçamento do Estado, que abrange “o último ano de uma legislatura singular”, estiveram no centro do discurso de Catarina Martins, a coordenadora bloquista, que não deixou de lembrar o que diziam António Costa e Mário Centeno, em 2015, sobre o aumento das pensões e do subsídio de desemprego ou a introdução de novos escalões no IRS.

“Mas hoje alguém diz que foi irresponsável?”, questionou Catarina Martins. “Agora até o primeiro-ministro pode anunciar a poupança das famílias no IRS. Não tem de quê, sr. primeiro-ministro!”, ironizou.

“À exigência do Bloco se deve também o fim dos cortes inconstitucionais logo em 2016, o aumento do salário mínimo, o alargamento da tarifa social da eletricidade. Essa é a marca da nossa responsabilidade”, prosseguiu Catarina Martins, acrescentando que “responsabilidade é defender o aumento do Salário Mínimo Nacional, mesmo contra a Comissão Europeia”. Sob o atual Governo, está previsto que o Salário Mínimo passe em 2019 para 600,00€, num aumento percentual anual de quase 3,5%, mas que representa 95,00€ e quase 20% desde que o mesmo se encontra em funções.

Mas Catarina Martins, apesar de aliada do Governo, considera que este nem sempre esteve à altura das suas responsabilidades pois considera que foi o Governo, a defraudar as expetativas “dos pensionistas das longas carreiras contributivas” e a deixar “cair o nível de investimento”. E tudo isso, resumiu Catarina, “para lançarem um outdoor para consumo interno e externo a dizer ‘conseguimos o défice zero’, um outdoor que lance o PS nas eleições nacionais e Centeno nas suas ambições europeias”.

“Para o Bloco, contas certas não é um défice zero para Bruxelas ver, quando falta o essencial na CP, no SNS ou na escola pública”, sublinhou Catarina Martins, reclamando “coragem” para responder a esta insatisfação, porque “destruir a capacidade do Estado para responder às populações, isso sim é irresponsável”.

“Se a recuperação de rendimentos nunca trouxe o diabo, a falta de investimento público só abre o campo à direita”, defendeu Catarina Martins. Uma direita que está “desesperada e sem programa, que se alimenta de casos” e que aposta forte na “timidez do PS” em aumentar o investimento nos serviços públicos. “É este o teste da esquerda”, reforçou.

“O PSD aproveita as falhas do SNS para nos dias pares propor privatizar o SNS. Nos dias ímpares não se percebe bem o que querem”, prosseguiu a coordenadora do Bloco. “A direita que desqualificou os comboios de Portugal durante anos seguidos é a direita que agora se declara indignada com a sua degradação”, prosseguiu. Anedota ou realidade, Catarina Martins ironizaria sobre Nuno Melo, o eurodeputado famalicense do CDS-PP: “O caso é dramático: há dias disseram-me que Nuno Melo até entrou num comboio. E depois saiu e disse que o queria privatizar”.

“Este é o tempo da responsabilidade e do investimento”, resumiu Catarina, porque “se deixarmos degradar mais os serviços públicos, estaremos a hipotecar o futuro”. “Devolvemos os cortes, está na hora de devolver o futuro”, concluiu.

A propósito da devolução de cortes e aumento de rendimentos, Catarina Martins não deixaria de referir que “é à exigência do BE que se devem muitas das medidas que fazem parte da nossa vida coletiva. Estivemos à altura da responsabilidade que depositaram em nós”.

bloco de esquerda

Para além do reforço do investimento, a coordenadora bloquista falou de outras medidas que quer ver implementadas no Orçamento do Estado para o próximo ano. É o caso do aumento mínimo de dez euros nas pensões mais baixas “já em janeiro”, a redução do IVA da eletricidade e do gás – que, recorde-se, tem motivado apoios generalizados inclusive da DECO, associação de defesa dos consumidores – novos apoios aos desempregados de longa duração, o prosseguir do processo de vinculação de professores e do respeito pelo seu tempo de carreira ou o fim da dupla penalização nas reformas. Mas também o cumprimento da meta de 1% para a Cultura, a redução das custas judiciais, o apoio a políticas de habitação nas cidades e da reflorestação do território.

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Fontes: Esquerda.net, Expresso e Público

Imagens: BE

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Categorias: Política

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