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Já não há dúvidas de que estamos a enfrentar alterações climáticas: os temporais, as inundações, as secas, os incêndios, as temperaturas anormais, são cada vez mais frequentes e mais intensos. O problema é tão sério e grave que parece incompreensível não se agir em proporção. Em Portugal, por exemplo, pretende-se começar com a exploração petrolífera! Urge agir e mudar a situação, ou o futuro da humanidade na Terra está em risco. Por isso, a 8 de setembro marchamos no Porto, em Lisboa e em Faro, e em muitas outras cidades do mundo.
Como já quase toda a gente percebeu, estamos numa crise ambiental sem precedentes. Se por um lado os movimentos ambientalistas a nível nacional ou internacional muito têm feito para que as condições ambientais em muitos lugares e em muitos setores tenham melhorado nas últimas décadas, também é verdade que o excesso de consumo de recursos e as alterações climáticas colocam em causa o futuro da humanidade.
Muito há para fazer. Todos temos um papel, fundamental, de mudar o nosso comportamento, ser menos consumista, gastar menos energia, menos água, escolher os alimentos com menos impacto no ambiente, e por aí fora.
Mas não chega! A velocidade a que as alterações climáticas progridem não deixa margem para manobras: são precisas medidas políticas de fundo, fortes e urgentes, para reduzir as emissões! Em Portugal, na Europa, no Mundo, estamos todos no mesmo planeta!
Desde a Cimeira do Rio, em 1992, que o aquecimento global e as alterações climáticas se tornaram assunto para agendas políticas, resultando mais tarde no protocolo de Quioto (1997), bem como tema conhecido de um restrito público activista e interessado. Mas as primeiras evidências de que a terra está a aquecer, e de que esse aquecimento tem como uma das causas a atividade humana, designadamente as emissões de CO2, já tinham sido apresentadas no meio científico no início da década de 80 por James Hansen.
A partir de 2006, através do filme “Uma Verdade Inconveniente”, Al Gore divulgou a teoria do aquecimento global, levando a que muitas pessoas começassem a ficar sensibilizadas para o tema, e várias manifestações globais têm vindo, desde então a criar um movimento mundial que procura e propõe uma multiplicidade de soluções para minimizar as emissões de CO2 e outros gases com efeito de estufa (GEE).
Em paralelo, com o aparecimento de uma consciência generalizada da urgência de medidas para “travar” ou minimizar as alterações climáticas, surgem teorias contrárias à do aquecimento global: umas que dizem que não há aquecimento global, outras confirmam a existência de aquecimento global, mas negam a influência da atividade humana como causa.
Aproveitando-se do facto da ciência climática ser de difícil entendimento, grandes interesses lançam a confusão com teorias da conspiração e a dúvida instala-se na opinião pública, nos media e mesmo ao nível de governos. Isto retarda a ação que já era urgente e diminui o impacto das medidas para combater as alterações climáticas.

Avaliação de compromissos e resultados para diminuição das emissões, em Climate Action Tracker
Depois de várias cimeiras do clima inconclusivas e ineficazes, finalmente conseguiu-se um acordo na a 21ª cimeira do clima, a Cimeira de Paris, em dezembro de 2015. Este Acordo de Paris foi assinado por 195 países e tem como objetivo principal reduzir a emissão de gases com efeito estufa de forma a limitar o aumento da temperatura global em 2ºC relativamente aos níveis pré-industriais, e prosseguir os esforços para limitar o aumento da temperatura a até 1,5°C, reconhecendo que isto vai reduzir significativamente os riscos e impactos das alterações climáticas.
No entanto, apesar de ser um sucesso, o Acordo de Paris é insuficiente para travar o aquecimento global, pois não foram estabelecidos objetivos concretos nem obrigações a cumprir, nem para países nem para empresas (note-se que 71% das emissões de GEE entre 1988 e 2015 foram emitidas por 100 empresas).
Além disso, com a saída dos EUA deste compromisso, o maior emissor de GEE acumulado e o segundo maior emissor atual de gases com efeito de estufa (a seguir à China), a situação piorou e os riscos agravaram-se.
Entretanto, as catástrofes climáticas – inundações, secas, incêndios, tempestades, ondas de calor, sucedem-se com frequências e intensidades cada vez maiores. Sabe-se que o clima está a mudar, sabe-se que as emissões de GEE têm influência, sabe-se que as amenas temperaturas que permitiram o desenvolvimento das civilizações desde há 12 mil anos estão a deixar de o ser.
Tudo isso se sabe mas há uma letargia geral das classes governativas que tornam a ação insuficiente para prevenir uma catástrofe global num futuro próximo. Recomendo a visualização de um pequeno vídeo esclarecedor e motivador que em 5 minutos explica a história de como reagimos às alterações climáticas, e como as temos ignorado (tem legendas em português): https://youtu.be/LKhGg0jDZTc
Portugal: a exploração de petróleo, o presente que envenena o futuro
Em Portugal, apesar de tudo isto, ainda se pretende iniciar a exploração de petróleo e gás no Algarve e nas costas, num contrassenso irresponsável! A economia e os negócios de grandes empresas continuam a prevalecer contra a proteção do futuro das novas gerações e mesmo dos jovens de hoje. Não podemos permitir este erro crasso, a aposta deve ser nas energias renováveis, não nos combustíveis fósseis!
Precisamos de unir esforços para que os decisores políticos nos ouçam, levem as alterações climáticas a sério, e tomem medidas proporcionais ao problema.
Marcha pelo Clima
A iniciativa internacional “Rise for Climate” pretende chamar a atenção para este assunto que talvez seja o maior problema que a humanidade teve de enfrentar até aos dias de hoje. Por essa razão, está marcado um dia de ação global para 8 de setembro. Em Portugal, a Marcha pelo Clima está a ser organizada em Lisboa, Porto e Faro, e já conta com mais de 40 associações e instituições a subscrevê-la.
A Associação Famalicão em Transição, que tem como objetivo principal promover um estilo de vida mais sustentável e em sintonia com a natureza e a comunidade, não podia deixar de se juntar a esta marcha e a esta iniciativa, e tem participado nas reuniões preparatórias no Porto.
Queremos que as gerações vindouras tenham um futuro e para isso precisamos de fazer a transição para uma vida menos consumista e sem combustíveis fósseis.
Queremos que parem as prospeções e que não haja exploração de petróleo em Portugal, pois isso seria um enorme retrocesso, seria um crime contra as gerações futuras!
Dia 8 de setembro às 17h, estaremos na Marcha pelo Clima no Porto.
Vamos marchar para exigir:
– uma transição justa e rápida para as energias renováveis;
– zero infraestruturas de combustíveis fósseis novas: nem em Aljezur, nem em Aljubarrota, nem em lugar nenhum.
Pelo futuro, apelamos a que marchem também!
Marcha pelo Clima em Portugal: www.salvaroclima.pt
Mobilização internacional Rise For Climate: www.riseforclimate.org
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Fontes e mais informações sobre o tema das alterações climáticas:
CDP Carbon Majors Report 2017 https://b8f65cb373b1b7b15feb-c70d8ead6ced550b4d987d7c03fcdd1d.ssl.cf3.rackcdn.com/cms/reports/documents/000/002/327/original/Carbon-Majors-Report-2017.pdf /// https://tinyurl.com/y8x565w7
Climate Action Ttracker.org (https://climateactiontracker.org/)
Parlamento Europeu (https://tinyurl.com/y7mubomn)
UNFCCC (https://unfccc.int/resource/docs/2015/cop21/eng/l09r01.pdf)
WWF (http://www.natureza-portugal.org/o_nosso_planeta/alteracoes_climaticas/)
E ainda outras fontes:
Público (https://www.publico.pt/2015/12/12/ecosfera/noticia/acordo-climatico-de-paris-foi-aprovado-1717259)
Wikipedia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_de_Paris_(2015) ;
Exame (https://exame.abril.com.br/tecnologia/acordo-de-paris-e-insuficiente-para-frear-aquecimento-global/)
Imagens
1 – Rise For Climate (www.riseforclimate.org)
2 – NASA (https://climate.nasa.gov/evidence/)
3 – Climate Action Tracker (https://climateactiontracker.org/)
4 – Wikipedia (https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_carbon_dioxide_emissions)
5 – Salvar o Clima (www.salvaroclima.pt)
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