Nanotecnologias | Skhincaps. Conforto térmico e bem-estar da pele no centro de projeto de investigação em vestuário

Nanotecnologias | Skhincaps. Conforto térmico e bem-estar da pele no centro de projeto de investigação em vestuário

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33º graus centígrados. É tempo de verão. Está calor! Muito calor. Você vai às compras. Procura roupa fresca, claro. O objetivo é não transpirar e ter o aspeto fresco de quando sai de casa pela manhã ou, pelo menos, não ir ao encontro de um cliente com o ar de quem acabou de praticar a sessão de jogging. Ou então imagine a situação inversa. No futuro, e parece já não estarmos assim tão longe, será possível comprar roupas de verão que podem ser usadas no inverno e vice-versa.

 

 

Para já, com esta nova tecnologia, será possível produzir roupa que se adapta ao clima, criando conforto térmico, ou que liberta substâncias ativas – óleos essenciais, vitaminas, antioxidantes, etc. – para a pele. Um dos principais objetivos da investigação que está a ser desenvolvida no projeto SKHINCAPS, implementado pelo CeNTI – Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes, é produzir os chamados têxteis de primeira camada – que estão em contacto com a pele – com propriedades funcionais, isto é, que possam atuar consoante as necessidades de quem o utiliza.

No caso do SKHINCAPS, os têxteis poderão ter dois tipos de funções: controlar o conforto térmico, tornando-se frescos com o calor ou quentes no tempo frio, e libertar substâncias ativas diretamente para a pele humana de forma controlada. Para melhorar o desempenho dos têxteis a nível térmico, a ideia é incorporar os chamados materiais de mudança de fase (que absorvem energia durante o processo de aquecimento e a emitem durante o processo de arrefecimento), de forma a melhorar a gestão térmica do corpo humano e a trazer conforto para o utilizador. Por outro lado, os têxteis poderão incorporar nanocápsulas de libertação controlada de vitaminas e antioxidantes para reduzir os efeitos do envelhecimento da pele ou de óleos essenciais para prevenir e/ou atenuar infeções bacterianas da pele.

A grande novidade destas novas soluções está no facto de se trabalhar ao nível nano, produzindo cápsulas menores (atualmente são na ordem micro) que passam mais facilmente pela pele, uma barreira natural do corpo humano, e, por isso, são mais eficazes. Até ao momento, já foi possível perceber que os produtos que estão a ser desenvolvidos no âmbito deste projeto apresentam uma elevada eficácia no plano do custo-benefício e apresentam também uma forte capacidade de produção industrial, para além do facto de contarem na sua base com produtos naturais. SKHINCAPS é um projeto que explora uma tecnologia inovadora, limpa e sustentável, formulada em base aquosa, o que faz com que os materiais produzidos sejam de fácil industrialização e utilização. Todas as soluções encontradas são testadas e submetidas a váriosntestes, incluindo de toxicidade, de forma a assegurar que não apresentam efeitos negativos para a saúde humana.

O CeNTI – Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes, é o líder de um consórcio que junta oito parceiros de cinco países europeus. Este consórcio conta com um financiamento da União Europeia de cerca de 3,2 milhões de euros para desenvolver têxteis e cosméticos funcionais com incorporação de nanocápsulas de base natural.

O CeNTI coordena este projeto no qual participam mais três institutos de investigação – o Institut fuer Verbundwerkstoffe (Alemanha), a Universitat Politècnica de Catalunya (Espanha) e o Teknologian Tutkimuskeskus VTT OY (Finlândia) – e quatro empresas, a portuguesa Devan-Micropolis, a belga Pro-Active e as espanholas Bionanoplus e Telic (sendo esta última responsável, entre outros, pelo desenvolvimento de cosméticos para o Real Madrid e o Barcelona).

O CeNTI – Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes é uma estrutura de investigação com uma forte ligação ao tecido empresarial e à indústria. Fundado em 2006, tem atualmente 70 colaboradores e está vocacionado para o desenvolvimento de novos produtos e soluções, tendo por base a nanotecnologia, além de materiais funcionais e inteligentes. Resulta de uma parceira entre três universidades – Aveiro, Minho e Porto – e três entidades tecnológicas, nomeadamente o CITEVE – Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal, o CTIC – Centro Tecnológico das Indústrias do Couro e o CEIIA – Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel.

Ao longo dos 12 anos de atividade, o CeNTI já participou em mais de 170 projetos com a indústria, 20 projetos europeus, 111 projetos financiados a nível Nacional, 30 projetos diretos e 9 projetos em investigação fundamental, apoiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Atualmente, está envolvido em 33 projetos no âmbito do PT2020, 12 projetos H2020 e 23 projetos diretos com clientes nas mais diversas áreas de aplicação. A visão de mercado e de transferência de tecnologia, valeram ao CeNTI perto de 57 pedidos ativos de patente como requerente e/ou inventor, 7 patentes concedidas e as restantes ainda em fase de exame.

 

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Categorias: Ciência

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