Bloco propõe ao Governo ‘nacionalização’ temporária da RICON

Bloco propõe ao Governo ‘nacionalização’ temporária da RICON

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O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda entregou na Assembleia da República um projeto de resolução que “recomenda a ação do Governo para garantir a continuação da laboração na antiga Triumph e Grupo Ricon”.

A nível nacional, o mês de janeiro de 2018 ficou marcado como um mês de grandes despedimentos nos setor têxtil e de vestuário. Para o Bloco de Esquerda, “foi precisamente em vésperas do setor revelar recordes nas exportações que se deu a queda da antiga Triumph e do grupo Ricon”, pelo que considera muito estar “por explicar nesta história de inevitabilidades”.

O Grupo Têxtil Ricon, com fábricas em Ribeirão e em Fradelos, em Vila Nova de Famalicão, e lojas Gant espalhadas por todo o país, está em processo de insolvência. Trata-se de um dos maiores grupos têxteis portugueses, com cerca de 800 trabalhadores, proprietário das referidas lojas e de várias fábricas e empresas como a Nevag, a Fielcon, a Delos, a Delcon, a Ricon e a Ricon Serviços. De acordo com a Administração, teria havido uma quebra de encomendas e a exigência de pagamento da totalidade da dívida vencida proveniente dos fornecimentos ao setor do retalho, situação que terá conduzido ao estrangulamento da tesouraria e à consequente incapacidade para cumprir as obrigações com os credores, nomeadamente com os do setor financeiro, aquele com maior peso na totalidade uma dívida de quase 40 milhões de euros.

O Bloco de Esquerda especifica que “nunca houve problemas ao nível das encomendas” e que este processo é o culminar de uma série de investimentos de risco mal sucedidos, tais como a rede de lojas Porsche ou o negócio de aviação em que o empresário Pedro Silva, último proprietário e gestor, envolveu o Grupo tendo acabado por o descapitalizar em favor de negócios que, afirma o Bloco de Esquerda, “indiciam uma gestão danosa”.

Para este partido político, a história da Ricon, mas também a da Triumph, transporta um passado,  com o seu enredo próprio, que conduziu à insolvência. Considera, no entanto, que estas se “somam a um vasto conjunto de insolvências mal explicadas que continuam a repetir-se e têm como protagonistas empresários gananciosos e governos negligentes”. “Não podemos aceitar passivamente esta “infeliz coincidência”, condenando ao desemprego mais de mil trabalhadoras e desperdiçando o seu conhecimento e especialização, bem como a tecnologia e a capacidade instalada de fábricas em plenas condições para continuar a laborar”, afirmam os deputados.

No entender do Bloco de Esquerda, “se por um lado, cabe à justiça avançar já com a investigação sobre as razões destas insolvências e, afigurando-se o caso, condenar os responsáveis por gestões danosas, por outro, cabe ao Governo atuar para garantir os direitos de quem ali trabalha e para impedir a perda de capacidade produtiva do país”. Para tal, o Bloco de Esquerda afirma que “poderá o Estado, através de decisão governamental, por exemplo, tornar-se acionista das empresas, ainda que temporariamente, tal como já aconteceu no caso da insolvência da Quimonda em 2009”.

Para os deputados bloquistas, “nos casos em análise, está por demonstrar que uma solução do mesmo género não possa vir a ser possível.” Segundo se refere, no Projeto de resolução apresentado na Assembleia da República, os próprios trabalhadores do Grupo confirmam a existência de muitas encomendas em carteira, para além de ser público que estas empresas, nomeadamente a Ricon, dispõem da mais moderna tecnologia de produção.

Em função do exposto, o Bloco de Esquerda propôs que a Assembleia da República recomende ao Governo que instrua a AICEP Portugal Global, E.P.E. (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) no sentido de garantir os postos de trabalho das mais de 1 000 trabalhadoras e trabalhadores da Ricon e Triumph, avaliando, com urgência, todos os procedimentos indispensáveis para a reposição em funcionamento das respetivas unidades industriais: a TGI- Gramax e as fábricas do grupo Ricon..


Imagem: BE


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Acerca do Autor

Pedro Costa

Diretor e editor.

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