Laço estreito. À conversa com o ator João Veloso

Laço estreito. À conversa com o ator João Veloso

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Um brevíssimo poema de Sandro Penna, poeta italiano, para quebrar o gelo: “Caminhemos, caminhemos desesperadamente / juntos na noite profunda / e leve e aveludada do Verão”. E, logo de seguida, mais um apontamento do mesmo autor para confirmar a temperatura e a volúpia da proximidade física: “O rapaz que brinca junto a mim / parece o meu coração / e está tão longe”. Motivos, contextos, pretextos? Tudo isso e nada disso. Mas há um langor próprio que se desprende de versos que exalam calor, afetos, a deliciosa preguiça do Verão, a festa sensorial, desvelando timidez e incertezas masculinas quanto à possibilidade do amor e do sexo: encontros precários, marcados de raiz pela despedida, pelo risco, pela solidão (“desesperadamente”, diz-nos o primeiro poema; “e está tão longe”, diz-nos o segundo). Imagens de leveza e brincadeira, dois pontos de contacto com a entrevista que aqui se avizinha.

Não será o amor um laço estreito / entre a angústia e o prazer?”, questiona-se Penna num outro momento de delicada concentração poética. Mas a delicadeza também tem espinhos, não fossem os versos uma interrogação atirada ao ar e esperando deste pouco mais que um eco consolador. Entre a angústia de aceitar a finitude irresolúvel das coisas – encontros, momentos, rostos – e entre o prazer de retirar da existência nada mais que a intensidade de tudo ser transitório – o luxo de sermos mortais e, por isso, invejados pelos deuses –, entre a angústia e o prazer poderia, assim, ser o plano tenso em que apanharíamos em flagrante as três personagens de Self Destructive Boys, no meio da floresta, nesta curta-metragem de André Santos e Marco Leão, estreada em 2018. Três atores heterossexuais – António, Xavier e Miguel – a brincar ao porno gay. Trata-se de “um filme muito light, com outro tom: falar da masculinidade, da elasticidade sexual, mas uma coisa irónica, não tão densa nem tão pesada”, segundo a dupla de realizadores.

No teaser, esse aspeto light – a sua leveza e, também, a sua luminosidade – adquire relevo pelo dedo de um dos atores (já lá vamos…) a deslizar pela tatuagem de um outro (João Mota): como se por aquela mão deliciada se esvaísse todo o gozo de um filme centrado no prazer de olhar, explorar e consumir o corpo, colorindo fantasias a partir da sua objetificação. Não com uma intenção crítica ou pedagógica, mas apenas com o mais liminar dos intuitos: tirar partido (isto é, prazer) do objeto corporal, entre profissionais do sexo. Afinal, o teaser abre com estes versos da banda The (International) Noise Conspiracy: “We are all sluts, cheap products in someone else’s notebook” / “Somos todos umas putas, produtos baratos no caderno de alguém” (da canção “Capitalism stole my virginity”). E se o cenário envolvente na curta é fatalmente metafórico (floresta, natureza virginal, paraíso perdido, estado de graça), em contraste irónico com a pornografia pura e dura que ali se informa, a expectativa gerada por Self-Destructive Boys é, não obstante, contígua a este espírito de calma excitação: “Já não há aquela graça fulminante / o que há é o hálito de qualquer coisa que virá” (Penna). O hálito, a sombra do segredo, a pele como limiar – ou como responde o ator a propósito de ter a sua tatuagem algum significado: “Tem. Tem, mas é pessoal.”

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Antes de avançar, esta súmula: André Santos e Marco Leão trabalham sensivelmente há dez anos com a linguagem do cinema, “mais como uma experiência sensorial do que [como] uma ideia de narrativa fechada com princípio, meio e fim” (entrevista à página C7nema). Há repercussões autobiográficas na sua obra, mas nada que se imponha como marcos determinantes para compreendermos estes objetos fílmicos que exploram, acima de tudo, variações e matizes da intimidade: “o nosso trabalho é autobiográfico, não como uma ideia de uma reconstrução da nossa realidade, mas uma transposição da mesma para as histórias de outros”. Neste caso, reportam-se a Pedro, curta-metragem de 2016 que levaram a concurso ao Festival de Sundance, referência internacional para o cinema independente, em Utah, nos EUA. Mas o seu trajeto inclui também A Nossa Necessidade de Consolo (2007), homenagem que teciam às mães, Cavalos Selvagens (2010), Infinito (2011), Má Raça (2013), Aula de Condução (2015) e, mais recentemente, a série televisiva Luz Vermelha preparada para a RTP2, escrita por Patrícia Müller, que parte do movimento das “mães de Bragança”, mediatizado em 2000, numa cruzada contra as prostitutas brasileiras daquela cidade (de referir que os primeiros episódios desta série serão exibidos no Festival Curtas de Vila do Conde, de 6 a 14 de julho, no Cine-Teatro Neiva e noutros espaços da cidade).

Mas foi no contexto promocional de Self Destructive Boys que se desembocou um encontro com um dos seus atores: João Veloso. Natural de Famalicão, tem 26 anos e reside atualmente em Lisboa. Trabalhou com algumas das companhias de teatro mais respeitadas em Portugal, fez televisão e já conta com esta curta-metragem no seu currículo, que lhe granjeou o prémio de Melhor Ator pelo júri da CinEuphoria. Em outubro de 2018, a vida sorriu-lhe com o nascimento do primeiro filho. A conversa que se segue aconteceu no bar da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, numa manhã de abril, entre projetos realizados e aventuras por fazer.

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Diogo Martins (DM): Sei que és ainda muito novo, mas já contas com alguns trabalhos no teu currículo. Assim de repente, se tivesses que nomear um como o mais marcante, qual deles escolherias?

João Veloso (JV): Apesar de não ser o mais marcante ou o mais decisivo, ocorre-me o filme Cartas de Guerra (2016), de Ivo M. Ferreira.

DM: A sério? É engraçado, porque vi o filme e não me recordo de te ver nele…

JV: É normal, porque a minha participação é muitíssimo discreta, num papel sem qualquer protagonisto. Apareço logo no início do filme: sou um dos vários soldados que se encontram ali na guerra colonial. Mas o facto de ter sido o meu primeiro trabalho em cinema deixa-me muito feliz. Cartas de Guerra teve uma significativa projeção internacional, venceu o Festival de Berlim naquele ano… Foi, sem dúvida, um momento muito icónico. Levou-me logo a ter estado na passadeira vermelha daquele festival de cinema, onde conheci a Leonor Teles, que venceu nessa edição o prémio com a sua curta Balada de Um Batráquio.

Em todo o caso, diria que as primeiras experiências, para qualquer ator, são sempre muito importantes, quanto mais não seja pelo contacto mais consciente daquilo que é o nosso corpo, da nossa reação ao texto, à câmara, ao público, a toda a dinâmica com os colegas, o realizador ou o encenador. Trabalhar para o cinema e para a televisão, ainda que partilhem de alguns pontos em comum, constituem experiências muito diferentes, seja pela estrutura, pela complexidade e pelo cuidado do texto, seja pelo modo como trabalhamos com a câmara. Por exemplo, participei na série Os Idiotas, que passou na RTP1. Era o mais novo do elenco. Aí tinha uma personagem fixa, com uma exposição bastante razoável… Mas a minha experiência em teatro prevalece: trabalhei com várias companhias, como o Teatro O Bando, Meridional, Teatro dos Aloés e o Teatro do Bairro.

DM: Recordo-me de ti pela tua participação num espetáculo organizado pela escola Didáxis [em S. Cosme do Vale, Famalicão] na Casa das Artes de Famalicão, quando eu era ainda professor estagiário [2008-2009]. Foi mais ou menos nessa fase que nasceu o teu desejo pela representação?

JV: De certa forma, sim, mas confesso que na altura ainda não entendia que ser ator pudesse ser uma hipótese vigorosamente profissional. Só muito depois é que me apercebi de que ser ator podia ser um percurso, algo que existe enquanto estudo contínuo, um aperfeiçoamento que nunca acaba. Eu estudei na escola da D. Sancho, em Famalicão, mas o professor Carlos da Didáxis, assim como toda a equipa envolvida na preparação dos saraus culturais, contava sempre com a minha participação nesses espetáculos.

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A minha primeira opção era seguir Direito, mas cedo me apercebi de que esse percurso não me encheria as medidas. Por sua vez, quando ainda andava no secundário e a ideia de me tornar ator já me começava a intrigar, cheguei a ponderar não acabar o 12.º ano e entrar para uma academia de teatro, mas os meus pais (e muito justamente) demoveram-me dessa ideia. Por isso, quando terminei o 12.º, já com 18 anos, decidi ir para Lisboa.

DM: E em que academia ingressaste?

JV: De todas as escolas dedicadas ao teatro e ao cinema às quais me candidatei, consegui entrar na ACT – Escola de Actores. Ainda que recente por comparação com outras academias (foi criada em 2001), a ACT tem esta particularidade muito feliz: foi fundada por pessoas como o Nicolau Breyner, o António Pedro Vasconcelos. Ou seja, na sua génese não contou apenas com professores, mas com atores, logo com uma consciência muito mais aguda e iluminada a respeito de tudo o que envolve o trabalho de ator. E isso faz da ACT uma escola muito especial.

DM: Fala-nos um pouco sobre Self Destructive Boys e de como surgiu o teu envolvimento neste projeto.

JV: Não há aqui grande mistério. Um amigo meu, que é assistente de realização, fez uma publicação no Facebook a anunciar um casting para uma curta-metragem, e arrisquei, como já o havia feito outras vezes.

DM: Li alguns textos críticos sobre esta curta-metragem e conheço outros trabalhos desta dupla de realização, o André Santos e o Marco Leão. Há uma premência especial na intimidade, na atenção que estes realizadores dedicam ao contacto furtivo entre corpos, com a descoberta sexual à mistura. Como te sentiste neste ambiente tão visualmente explícito, quando o corpo, o sexo e o desejo se tornam o iminente cartão-de-visita de um filme?

JV: O mais constrangedor foi, de facto, a nudez em público. Foi a primeira vez (e até agora a única) que estive totalmente nu num casting e, embora o sentimento de inibição fosse inegável, decidi arriscar. Não me sentia pronto para uma exposição deste calibre, assim tão forte, mas quis tentar na mesma. Tentei pensar desta maneira: vou enganar-me a mim mesmo procurando estar completamente despido perante terceiros como se ninguém, jamais, viesse a assistir àquela curta-metragem. Além do mais, a equipa envolvida no Self Destructive Boys era muito pequena, o que tornava aquele nível de exposição um pouco mais confortável.

DM: Ao fim e ao cabo, a curta prende-se com a rodagem de um filme porno…

JV: Pois, mas, ao contrário do restante elenco, eu era o único que estava completamente nu nas filmagens. Tal como no momento do casting, o mais complicado é o primeiro choque, esse momento em que estamos demasiado hiper-conscientes da exposição da nudez ao olhar do outro. Mas depois tudo começa a fluir… E essa fluidez faz igualmente parte da natureza desta curta.

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DM: Tenho alguma curiosidade em relação ao João Mota, porque apenas o conheço pela fama de ter participado num reality-show. Não estou a dizer, contudo, que isso o menorize; na verdade, até reforça a minha curiosidade, porque torna a sua figura ainda mais intrigante: alguém que sai de um circuito tão asfixiantemente mediático para integrar o elenco de uma curta-metragem, num contexto muito mais marginal…

JV: Dei-me muito bem com o João. Não mantivemos mais contacto desde a estreia do filme, mas a experiência foi muito tranquila. É um facto que, durante algum tempo, será difícil descolarem do seu nome a participação num reality-show. Enquanto essa memória pairar sobre a sua figura, imagino que a maioria do público, face a um cartaz promocional de um espetáculo ou de um filme em que participe, reaja da mesma maneira: olham para o João Mota enquanto celebridade em primeiro plano, e só depois é que surge o que ele é, ou o que pode ser, enquanto ator. Percebo, por isso mesmo, que ele não goste muito de falar dessa participação no programa da TVI. E é ainda mais desconfortável por ter sido o vencedor dessa edição, o que torna ainda mais vívida essa memória no público em geral.

DM: Uma coisa é certa: se o reality-show foi para ele uma rampa de lançamento para conseguir chegar à representação (e ele já conta com alguns papéis em novelas e em alguns filmes), uma parte significativa do seu trabalho vindouro passará por conseguir convencer os realizadores (sobretudo, na franja do cinema de autor) de que é capaz de se despir desse rosto, desse nome, desse excesso de visibilidade, para poder mostrar um lado de sombra que finte todas as expectativas.

JV: Sim, ainda para mais se pensarmos no contexto do cinema em Portugal. Basta pensarmos que, em termos de receitas e de popularidade, alguns dos filmes portugueses mais vistos no cinema foram O Crime do Padre Amaro, O Filme da Treta e a recente adaptação de O Pátio das Cantigas. Há esse aspeto de chachada nitidamente comercial que, de forma algo injusta, acabará por se colar à imagem de alguém que tenha, como o João, uma estreia mediática anterior e à margem do cinema. Ainda para mais se o objetivo for dedicar-se ao cinema de autor.

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DM: Estou a lembrar-me, por exemplo, daquele ator norte-americano que se tornou num imediato ídolo juvenil com aquela foleirice vampiresca, o Robert Pattinson. Tornou-se famoso com O Crepúsculo e as sequelas, mas o verdadeiro ator só nasceu, creio eu, com a sua participação no filme de Cronemberg, Cosmopolis (adaptação do romance de Don DeLillo). O seu poder de imersão, muitas vezes de pura camuflagem, é tremendo. Os filmes Good Time (dos irmãos Safdie, 2017) e o The Lost City of Z (de James Gray, 2017) são a prova de que o frenesim de Hollywood se tornou para ele uma estratégia para se cumprir melhor enquanto profissional.

JV: Demore o tempo que demorar, o João irá conseguir fazer o seu percuro. Uma coisa é indesmentível: a sua vontade intensa em querer representar. É muito empenhado naquilo que faz. Sei de um episódio num casting em que ele participara, tendo prontamente confessado ao encenador: “Sei que não vou passar, mas mesmo assim quero experimentar isto”. E o encenador ficou, de facto, muito impressionado com o João, com a sua capacidade de interpretação, o modo como é capaz de dar um seguimento à narrativa que lhe é proposta. Lembro-me até de que gostaram muito mais da sua prestação do que da de muitos outros atores, que eram mesmo atores profissionais.

DM: Regressando à curta de André Santos e Marco Leão. Facilmente se inculcaria a Self Destructive Boys um intuito politicamente provocatório, sobretudo se pensarmos numa margem expressiva da população atual que muito gosta de grunhir idiotices contra a “ideologia de género” para não lidar com a sua própria homofobia e demais preconceitos. Queres desenvolver um pouco esta ideia?

JV: Entendo a tua pergunta, mas não há, de todo, qualquer intuito provocatório nesta curta. Diria que é apenas mais um desdobramento da linguagem desta dupla de realizadores, que já conta com esta abordagem queer noutras curtas-metragens, como Pedro. Para te ser muito sincero, eu próprio já não tenho uma visão muito clara do produto final, porque só o vi na estreia, no Indie Lisboa, e isto já foi em maio do ano passado! Nunca mais vi o filme desde então, e tanto quanto sei continua indefinido se haverá uma edição material do filme, ou uma reunião antológica de todas as curtas do Marco e do Nuno.

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Mas em relação ao Self Destructive Boys, parece-me que o filme mais não faz do que explorar uma realidade que existe, de forma muito aberta e descomplexada. A certa altura, é como se já nem fosse veementemente significativo afirmar que são ou não são gays os homens que ali estão em cena, ou se fazem aquele tipo de trabalho por dinheiro, ou se é um meio de autodescoberta… Aliás, se calhar até estão ali todos por dinheiro, mas a verdade é que eles retiram prazer da experiência. Fazem-no para se divertirem. A personagem do João Mota está a estrear-se naquela rodagem, mas eu e o Miguel desempenhamos o papel de dois atores porno que são muito idolatrados pelos cibernautas.

DM: E quanto a projetos futuros, alguma coisa que possas revelar? Ou tens tido dificuldades em arranjar trabalho na tua área?

JV: De momento, faço parte do elenco de Vanessa vai à luta, com texto de Luísa Costa Gomes e encenação de António Pires. De resto, é a luta de sempre, comum à maioria dos meus colegas e, creio, a outras pessoas de diferentes áreas profissionais. Porque é precisamente isto o que nos dizem na escola: que não há emprego para todos. Portanto, por muito forte que seja a minha paixão por representar, incitam-nos a sermos criadores e produtores, numa lógica um pouco agressiva por se distanciar, muitas vezes, da realidade das condições deste tipo de trabalho em Portugal e da realidade pessoal de cada criador, aquilo que serão as suas verdadeiras valências e desejos.

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DM: É o já estafado discurso apologético do empreendedorismo, aplicado desta vez às artes do teatro.

JV: Sim, é mesmo isso. Mas posso dizer que tenho estado sempre ocupado, mesmo que não tenha sempre desempenhado papéis no teatro, na televisão ou no cinema. Se há algo que gostei sempre de fazer, foi do processo de aprendizagem: tudo aquilo que está por detrás do lado mais visível ou ostensivo de um espetáculo.

DM: Referes-te à encenação, à escrita de um argumento?

JV: Não, nada disso. Pelo menos, para já, não me quero lançar nesse tipo de criação. Só pretendo criar quando me sentir mesmo preparado e com vontade. Pelo contrário, quando digo que quero continuar a aprender, refiro-me, por exemplo, a tudo o que diz respeito à montagem da luz, ao som de um espetáculo, à cenografia. Gosto muito de estar envolvido nesses processos. Já me aconteceu estar, num dia, a trabalhar na montagem do cenário e a exercer funções como operador de som para a Colónia Penal, com base no texto do Jean Genet, e no dia seguinte trabalhar enquanto ator no espetáculo Vanessa vai à luta. E confesso que gosto muito desta organicidade no teatro, do modo como estas diferentes responsabilidades se entrecruzam para que um espetáculo conheça a luz do dia. Assim, quanto mais noção tiver do trabalho dos outros, das exigências e especificidades de cada uma dessas funções, melhor para mim. Porque maior é a noção que tenho da amplitude em que me movo. E, por outro lado, menor a minha preocupação diante o risco e a angústia de ficar desocupado.

DM: Imagino que sendo pai de um bebé essa preocupação tenha um peso significativo na tua vida…

JV: Sim. Ser pai é o meu projeto a longo prazo (risos). Antes de o meu filho nascer, aquilo que menos desejava era não ganhar o suficiente com o meu trabalho a ponto de ter que pedir dinheiro aos meus pais. Era disso que tinha medo. Mas, felizmente, não tenho tido razões de queixa nesse aspeto. Além das participações como ator – porque a minha verdadeira paixão é o cinema e o teatro – e das outras funções que já te descrevi, também trabalhei em publicidade, que me abre sempre alguma folga financeira. E, enquanto pai, isso faz com que me sinta mais seguro.

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“Descontraído e dotado de muito humor, este Self Destructive Boys revela um lado mais humorístico sobre a sexualidade explorada de forma mais séria e dramática pela dupla Santos e Leão em Pedro, conferindo às suas personagens uma ligeireza icónica revelando, ao mesmo tempo, um João Veloso como um jovem e interessante talento em ter em conta nos próximos anos sem esquecer de fazer com que o próprio espectador esqueça os supostos limites da sexualidade existentes entre três jovens adultos que, em toda a (sua) consciência, estão prestes a desafiar os seus próprios limites (se é que alguns), dar corpo aos seus desejos e vontades mas, sobretudo, perceber até onde é que estão dispostos a ir sem que a sua mente encontre os tais bloqueios que a sociedade poderá – em tempos – lhes ter colocado.” (do blogue CinEuphoria)

Referências:

Vasco Câmara, “André Santos e Marco Leão encerram histórias familiares e viram-se para o sexo”, ípsilon, 19 de janeiro de 2017, disponível aqui: https://www.publico.pt/2017/01/19/culturaipsilon/noticia/andre-santos-e-marco-leao-encerram-historias-familares-e-viramse-para-o-sexo-1758961.

Vasco Câmara, “Saindo da infância, espreita-se já o porno”, ípsilon, 27 de novembro de 2017, disponível aqui: https://www.publico.pt/2017/11/27/culturaipsilon/noticia/andre-santos-e-marco-leao-saindo-da-infancia-espreitase-ja-o-porno-1793476.

Duarte Mata & Jorge Pereira, entrevista a André Santos e Marco Leão, “O cinema tem um lado místico”, C7nema, 1 de abril de 2017, disponível aqui: http://www.c7nema.net/entrevista/item/46507-andre-santos-e-marco-leao-o-cinema-tem-um-lado-mistico.html.

Rodrigo Nogueira, “André Santos e Marco Leão no bar de alterne”, ípsilon, 30 de abril de 2019, disponível aqui: https://www.publico.pt/2019/04/30/culturaipsilon/noticia/luz-vermelha-andre-santos-marco-leao-1870063.

CinEuphoria, sobre Self Destructive Boys: http://cineuphoria09.blogspot.com/2018/04/self-destructive-boys-2018.html.

Sandro Penna, No Brando Rumor da Vida, tradução de Maria Jorge Vilar de Figueiredo e prefácio de Natalia Ginzburg, Lisboa, Assírio & Alvim, 2003.

Teaser de Self Destructive Boys: https://www.youtube.com/watch?v=kaKNGLvPcpc

Imagens:

Fotografias de João Veloso: a primeira, por Lúcia Jordão; a última, por Diogo Martins.

Vanessa vai à luta: http://www.ardefilmes.org/27t.html

Fotogramas de Self Destructive Boys.

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Categorias: Cultura, Destaque, Sociedade

Acerca do Autor

Diogo Martins

Diogo Martins nasceu em 1986 e é natural de Nine, do concelho de Vila Nova de Famalicão. Doutorado em Teoria da Literatura pela Universidade do Minho, iniciou em 2017 um projeto de pós-doutoramento intitulado "Ousar corromper: (o)caso retratístico em Rui Nunes". Interessa-se por poesia, literatura, cinema e fotografia, e mais ainda pelas relações entre estas e outras artes.

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